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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 63.º dia do conflito?

Este artigo tem mais de 2 anos

Aumentam os relatos de ataques ucranianos a alvos estratégicos na Rússia. Kremlin diz ter destruído armazém de armas em Zaporíjia e impõe sanções a deputados britânicos. Os desenvolvimentos da guerra.

Russian attacks on Ukraine
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Há 63 dias que Ucrânia e Rússia estão em guerra, depois de forças militares russas terem invadido a Ucrânia

Metin Aktas/Anadolu Agency via Getty Images

Há 63 dias que Ucrânia e Rússia estão em guerra, depois de forças militares russas terem invadido a Ucrânia

Metin Aktas/Anadolu Agency via Getty Images

Ao 63.º dia de guerra na Ucrânia, e um dia depois da visita do secretário-geral da ONU, António Guterres, a Moscovo, as primeiras horas começaram com relatos de alegados ataques ucranianos e tentativas de ataque em três localidades na Rússia, próximas da fronteira com a Ucrânia.

Terá mesmo sido atingido um depósito de armazenamento de armas e munições localizado na região russa de Belgorod, a poucos quilómetros da fronteira.

Em sentido oposto, o Kremlin garantiu ter conseguido atingir 59 alvos militares ucranianos durante a noite — um dos quais, um armazém na região de Zaporíjia que continha “um grande conjunto de armas estrangeiras e munições fornecidas às tropas ucranianas pelos Estados Unidos da América e por países europeus”.

As forças russas continuam a avançar no leste da Ucrânia, região em que estão a concentrar os seus principais esforços militares (particularmente nas áreas de Kharkiv e Donbass). Apesar disso, nas regiões norte e oeste da Ucrânia, os avanços têm sido limitados ou nulos.

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O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, viaja esta quarta-feira à tarde para Kiev e esta quinta-feira irá encontrar-se com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Mapa atualizado pela última vez esta quarta-feira, dia 27 de abril

ANA MARTINGO/OBSERVADOR

Aqui fica um ponto de situação para resumir o que aconteceu nas últimas horas na guerra da Ucrânia. Siga também o liveblog do Observador para acompanhar os desenvolvimentos ao minuto e leia os trabalhos dos enviados especiais do Observador à Ucrânia, Carlos Diogo Santos e João Porfírio.

O que aconteceu durante a tarde e a noite

  • As últimas horas ficaram marcadas pela chegada de António Guterres a Kiev, tendo seguidamente realizado uma conferência de imprensa para os meios de comunicação social portugueses. O secretário-geral da ONU garantiu haver um “acordo de princípio” com Putin para a retirada de civis e também para um resgate na fábrica de Azovstal. Admitiu também que “nunca são conseguidos todos os objetivos” neste tipo de esforços diplomáticos.
  • Marcelo Rebelo de Sousa também comentou a ida de António Guterres a Moscovo. O Presidente da República disse que o secretário-geral da ONU teve de “baixar as expectativas”, uma vez que é “difícil convencer o Presidente Putin”.
  • Por sua vez, Vladimir Putin garantiu que a Rússia alcançará “todos os objetivos” na guerra com a Ucrânia para “garantir a paz e a segurança do povo de Donetsk e Lugansk, da Crimeia russa e de todo o país”. E deixou uma ameaça de um “ataque relâmpago” ao Ocidente, caso haja uma ameaça ou uma intervenção no território ucraniano.
  • Hanna Maylar, membro do gabinete do ministério da Defesa ucraniano, alertou que a Rússia pode usar a Transnístria para invadir a Moldávia, ou então como uma maneira de entrar no oeste da Ucrânia.
  • O ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy Reznikov, avisou que as próximas semanas serão “extremamente difíceis”, prevendo um elevado nível de destruição na ofensiva levada a cabo pela Rússia no leste da Ucrânia.
  • Cerca de 600 soldados ucranianos estarão gravemente feridos e sem acesso a medicação dentro do complexo industrial de Azovstal, que está transformado em quartel-general e último reduto da resistência ucraniana em Mariupol, a cidade no sul da Ucrânia tomada pelas tropas russas.
  • Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de provocar uma crise global e “criar o caos em todos mercados, especialmente o alimentar”. “As exportações ucranianas ajudarão a estabilizar os mercados”, disse, acrescentando que tal seria “benéfico” para todos os países que “possam ser afetados pelas ambições destrutivas da Rússia”.
  • Naquilo que aparenta ser um contra-ataque, a Ucrânia disparou três mísseis tendo com alvo Kherson. Um dos ataques terá atingido a terra de televisão da cidade.
  • A Rússia estará a planear organizar em meados do mês de maio dois referendos nas regiões de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, para a possível anexação daquelas regiões separatistas como elementos territoriais da Federação Russa.
  • O parlamento canadiano considerou unanimemente que as ações da Rússia na Ucrânia constituem “genocídio”. Os deputados votaram a favor de um diploma que dava conta de uma “ampla evidência de crimes de guerra sistemáticos e massivos”.

O que aconteceu durante a manhã

O Governo russo alega ter conseguido destruir um armazém na região de Zaporíjia, na Ucrânia, que continha “um grande conjunto de armas estrangeiras e munições fornecidas às tropas ucranianas pelos Estados Unidos da América e por países europeus”. E diz ter conseguido atingir 59 alvos militares ucranianos durante a noite.

Já de Kiev chegou uma reação aos alegados ataques ucranianos a localidades russas junto à fronteira. Sem confirmar a autoria destas ofensivas, um conselheiro próximo do Presidente Zelensky, Mikhailo Podolyak, descreveu (citado pela Reuters e The Guardian) os incidentes como “karma” na plataforma de mensagens Telegram. E acrescentou: “As razões para a destruição de infraestruturas militares em áreas fronteiriças podem ser bastante variadas” e “mais cedo ou mais tarde as dívidas terão de ser pagas”.

Três ataques em território russo, junto à fronteira com a Ucrânia: “Karma”, diz conselheiro de Zelensky

O ministério da Administração Interna de Transnístria, região separatista pró-russa localizada na Moldóvia que é habitualmente descrita como último bastião soviético (e que é um auto-proclamado Estado), acusou esta quarta-feira a Ucrânia de ter sobrevoado a região com drones e de ter atacado o seu território. As forças ucranianas são acusadas de terem atingido um depósito de armazenamento de munições e armamento em Cobasna, a apenas dois quilómetros da fronteira com a Ucrânia.

A situação na Transnístria é particularmente delicada, dado que não é a primeira vez que os separatistas da região moldava alegam ter sido atacados pela Ucrânia. O think-thank norte-americano Study of War tem alertado para possíveis “ataques encenados” da Rússia na região, para justificar uma possível entrada neste conflito de tropas que estão atualmente na Transnístria

Transnístria, o último bastião soviético que nenhum país reconhece mas tem hino, polícia, moeda — e um clube que ganhou ao Real Madrid

O exército ucraniano reconheceu o avanço das forças russas no leste da Ucrânia, após a tomada de várias localidades nas regiões de Kharkiv e do Donbass. As forças russas progridem à frente da linha de Izioum, que já se encontra sob controlo dos soldados de Moscovo, em direção a Lyman e encontram-se nas proximidades de Severodonestk, uma das cidades mais importantes da região.

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Liz Truss, vai fazer “um grande discurso” esta tarde em Londres e irá defender que o Ocidente deve fornecer à Ucrânia aviões de guerra. A informação é avançada pela BBC. Neste discurso que a estação cita já parcialmente, Liz Truss dirá que o Ocidente “não pode ser complacente” com a invasão russa e vai detalhar: “Armamento pesado, tanques, aviões — temos de procurar a fundo aquilo que temos à disposição e temos de aumentar a produção [destes equipamentos]. Temos de fazer tudo isto”.

A Ucrânia demoliu na terça-feira um monumento da era soviética no centro de Kiev, destinado a simbolizar a amizade entre a Rússia e a Ucrânia. A estátua tinha duas figuras que representavam um trabalhador russo e um trabalhador ucraniano. À medida que o monumento caía, um grupo de cerca de 100 pessoas aplaudia e gritava “Glória à Ucrânia”.

Ucrânia derrubou monumento dedicado à amizade russo-ucraniana

Numa declaração feita no parlamento polaco, o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, assegurou que a Polónia não se sente intimidada pelo corte de gás anunciado pela Rússia e afirmou que o país está seguro, “graças a anos de esforços destinados a obter gás de outros países”. Também o ministro da Energia búlgaro, Alexander Nikolov, assegurou que a Bulgária pode responder às necessidades de gás dos consumidores, embora tenha admitido que o país só tem reservas de gás para um mês.

Ao contrário de Polónia e Bulgária, que recusaram fazê-lo, quatro entidades europeias já pagaram em rublos fornecimentos de gás russo, tal como exigido por Moscovo, avança a Bloomberg, citando fontes ligadas à Gazprom. Ainda sobre o gás russo, o Kremlin ameaçou esta quarta-feira cortar o fornecimento a outros países europeus além de Bulgária e Polónia.

O Kremlin impôs sanções a 287 deputados britânicos, que ficam impedidos de entrar em solo russo. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson já reagiu, dizendo que os deputados britânicos devem olhar para as sanções russas como uma “medalha de honra”.

O que aconteceu durante a noite e durante a madrugada

A Austrália vai enviar armamento para a Ucrânia — seis canhões M777 Howitzer e munições — para reforçar a resposta do país europeu à invasão russa. A informação foi dada através de comunicado. Nessa nota informativa oficial, o envio de armamento é descrito como “ajuda militar adicional” à Ucrânia para fazer face “à invasão brutal, implacável e ilegal da Rússia”.

Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente Volodymyr Zelensky, diz que a Ucrânia está a “fortalecer-se” militarmente. Dando conta de uma reunião que decorreu ontem [terça-feira] com 40 ministros da Defesa, em que responsáveis dos EUA e países aliados prometeram enviar mais armamento pesado para a Ucrânia, Podolyak dá “más notícias” à Rússia: se tinha como objetivo “desmilitarizar” o país vizinho, está a conseguir o contrário.

Na Rússia, as autoridades de Belgorod — uma região próxima da fronteira com a Ucrânia — relataram ter ocorrido explosões durante a madrugada, que terão sido provocadas (dizem) por forças ucranianas. Um depósito de armazenamento de armas e munições terá sido atingido. Este não é o primeiro relato de alegados ataques ucranianos na região, que é considerada um “hub” de fornecimento de material (em particular, combustível) às forças russas que combatem na Ucrânia.

Em mais uma atualização do Governo britânico à evolução da guerra na Ucrânia, feita (diariamente) a partir de dados obtidos pelos serviços de informação do Reino Unido, as autoridades indicam que a Ucrânia continua a ter um controlo significativo do seu espaço aéreo, sobretudo nas regiões norte e oeste do país. O ministério da Defesa britânico acusa ainda as forças russas de utilizarem “bombas de queda livre” em Mariupol, um tipo de armamento que aumenta o risco de baixas civis.

O governo do Reino Unido anunciou que iria proibir as importações de petróleo da Rússia, mas já gastou cerca de 260 milhões de euros em petróleo russo desde o início da guerra. Os números são citados pelo jornal britânico The Telegraph, que detalha que desde o início da guerra o governo britânico já comprou 1,9 milhões de barris de petróleo russo.

A presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, defendeu um “embargo total” pela União Europeia (UE) ao petróleo, gás e carvão russo, devido à guerra na Ucrânia, considerando que o apoio europeu a Kiev “ainda não é suficiente”.

Como Guterres encostou a Rússia à parede (e como Putin e Lavrov se defenderam) em sete pontos

A empresa de drones DJI Technology Co anunciou que vai suspender temporariamente os seus negócios na Rússia e na Ucrânia. Esta é a primeira grande empresa chinesa a interromper as vendas para a Rússia desde o início da guerra, em fevereiro. O objetivo da produtora de drones é garantir que os seus produtos não são usados no combate entre os dois países.

O presidente da Transnístria, Vadim Krasnoselski, apelou às autoridades da Moldávia e da Ucrânia que “preservem a paz”, após uma série de explosões em Tiraspol, capital da região separatista moldava pró-russa. Krasnoselski apelou ao governo da Moldávia para “não sucumbir às provocações” e não permitir que o país “seja arrastado” para uma agressão contra a Transnístria, segundo a agência russa Interfax.

A Gazprom concretizou a ameaça russa de cortar o fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária por não ter cumprido o pagamento desta fonte de energia em rublos.

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