Três territórios russos próximos da fronteira com a Ucrânia, Staraya Nelidovka (região de Belgorod), Kursk e Voronezh, acordaram esta madrugada de quarta-feira com som de explosões, na sequência de alegados ataques e tentativas de ataques ucranianos a alvos estratégicos e militares nas fronteiras da Rússia.

Sem confirmar a autoria destas ofensivas, um conselheiro próximo do Presidente ucraniano Zelensky, Mikhailo Podolyak, descreveu (citado pela Reuters e The Guardian) os incidentes como “karma” na plataforma de mensagens Telegram. E acrescentou: “As razões para a destruição de infraestruturas militares em áreas fronteiriças podem ser bastante variadas” e “mais cedo ou mais tarde as dívidas terão de ser pagas”.

O ataque a Bolgorod e a um depósito de munições russas

Em Belgorod, região russa que fica a poucos quilómetros da fronteira com a Ucrânia, o som de explosões deveu-se a um ataque — alegadamente, ucraniano — a um depósito russo de munições e armamento, que se incendiou.

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Esta não foi a primeira vez que as autoridades russas da região garantiram ter sido alvo de ataques ucranianos. No passado domingo, 24 de abril, Vladimir Pertsev, o autarca local, relatava (citado pela agência estatal russa TASS) que “um projétil” disparado a partir da Ucrânia tinha atingido “um campo agrícola”, sem causar “vítimas ou qualquer tipo de destruição”.

No dia seguinte — segunda-feira, 25 de abril —, o governador da região administrativa de que faz parte a localidade, Vyacheslav Gladkov, denunciou novos bombardeamentos que teriam atingido a região. Desta feita, duas pessoas teriam ficado feridas e as suas casas teriam ficado destruídas, segundo as autoridades russas.

Esta quarta-feira, surgiram novos relatos de ataques ucranianos a esta região russa próxima da fronteira — e que fica a apenas cerca de 80 quilómetros de Kharkiv, localidade ucraniana onde se travam fortes combates entre forças do Kremlin e de Kiev. Desta feita, porém, os relatos apontam para um ataque ucraniano a um alvo militar estratégico: um depósito de armas e munições. Nas redes sociais surgiram já várias fotografias e vídeos relativos a este ataque.

De acordo com a Agência Reuters, ouviu-se mesmo “uma série de explosões” nesta região russa nas primeiras horas da madrugada.

A tentativa de ataque a Kursk e as explosões em Voronezh

A mesma fonte (Agência Reuters) cita o governador da província de Kursk, região russa que também faz fronteira com a Ucrânia, com Roman Starovoit a relatar o som de explosões ouvidas esta madrugada. O mesmo responsável esclareceu, minutos mais tarde, que um drone não tripulado ucraniano terá sido abatido na região, noticia o jornal ucraniano The Kiyv Independent. Não terão existido vítimas.

Também em Voronezh, outro centro administrativo de uma província russa próxima da fronteira com a Ucrânia, as autoridades russas denunciam que se ouviram explosões (neste caso, especificamente duas explosões) que estarão sob investigação.

Um alegado ataque a 1 de abril e a importância logística de Belgorod

No início de este mês, as autoridades russas já tinham denunciado um alegado ataque ucraniano a uma localidade da região de Belgorod — uma ofensiva que teria atingido a 1 de abril um depósito de armazenamento de combustível russo.

Na altura, as autoridades russas falaram num ataque aéreo provocado por dois helicópteros ucranianos. O secretário de Segurança Nacional e do Conselho de Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, começou por negar que o incêndio tivesse sido provocado por um ataque aéreo ucraniano, mas após essa primeira reação quer o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, quer outros responsáveis do ministério da Defesa ucraniano recusaram-se a comentar o assunto e a confirmar ou desmentir que tivessem sido forças ucranianas a provocar a explosão, relata o meio norte-americano Radio Free Europe.

Nessa altura, a estação norte-americana CNN escrevia que tinha conseguido “geolocalizar” e confirmar a veracidade de vídeos publicados nas redes sociais que mostravam dois helicópteros a sobrevoar Belgorod — só não tinha sido possível confirmar que os helicópteros fossem ucranianos.

A região de Belgorod, detalhava também na altura a CNN, tem sido um “hub” de fornecimento de combustível ao longo desta invasão russa à Ucrânia, já que fica próxima da fronteira com a Ucrânia e a apenas algumas dezenas de quilómetros da segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv.