Uma vitória nos últimos cinco jogos do Campeonato, dois triunfos nos derradeiros oito encontros a contar para a Premier League. Com uma nota: esses sucessos, contra Tottenham e Norwich, tinham chegado após partidas em que a equipa sofreu até aos minutos finais e ganhou apenas por 3-2 com hat-trick de Cristiano Ronaldo em ambos os casos. Este era o momento que o Manchester United enfrentava no regresso a Old Trafford após os desaires com Liverpool e Arsenal, este era o contexto que a equipa atravessava e que até a presença nas competições europeias colocou em causa. No entanto, este era um jogo pelo orgulho.

Ele é mesmo um problema mas para os outros: Ronaldo faz o 60.º hat-trick da carreira, volta aos golos de livre direto e dá vitória ao United

Depois da derrocada completa em Anfield sem o avançado português, num clássico em que os 4-0 no final acabam no refletir o domínio avassalador dos reds, Ralf Rangnick voltou à linha de quatro defesas com o Arsenal, contou de novo com o capitão da Seleção (que marcou, em homenagem ao filho que perdera no início da última semana) mas nem por isso viu os red devils melhorarem de forma significativa. Aliás, era preciso recuar dois meses para encontrar um jogo sem golos sofridos, sinal também de todos os problemas que a a equipa tem vindo a sofrer sem bola e que se foram adensando com o passar das últimas semanas. Por tudo isso, a receção ao Chelsea valia mais do que três pontos. Que faziam falta.

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Na sexta posição e com mais ou dois jogos do que os rivais diretos, uma derrota do Manchester United não só iria hipotecar de vez a já improvável presença na Champions (o Arsenal, quarto classificado, tinha mais seis pontos com menos um jogo) como colocava o West Ham a depender apenas de si para ficar com a sexta posição e ainda o Wolverhampton a sonhar com legítimas aspirações com o sétimo lugar, que dá acesso à qualificação para a Conference League. Problema: além de Pogba, Fred, Cavani e Shaw (e Greenwood, afastado por questões disciplinares), Wan-Bissaka, Maguire e Jadon Sancho também estavam de fora por problemas físicos e Ralf Rangnick tinha 14 jogadores disponíveis, a que juntaria mais alguns jovens.

Um Ronaldo para a história na equipa sem história: Arsenal vence clássico e United está quase fora da Champions

“Temos de ser justos o suficiente com esses jogadores. Tem de ser o momento certo, eles devem ter a oportunidade de jogar bem e ter um bom desempenho. Não é apenas empurrá-los para um jogo, acho que também deve ser o momento certo”, comentou o técnico alemão, que voltou a recusar qualquer divórcio entre jogadores e equipa técnica, defendendo a atitude da formação de Manchester mesmo nesta fase mais conturbada de resultados que deixou os red devils numa posição delicada para chegarem à Champions.

Mais uma vez, a equipa não ganhou. No entanto, voltou a pontuar. E, de novo, por “culpa” daquele que alguns diziam ser o “problema” do Manchester United: Ronaldo marcou oito dos últimos nove golos da equipa, tornou-se o segundo melhor marcador da Premier League e voltou a ser decisivo. Tanto que, se não fosse esta série recente de golos nas últimas jornadas, os red devils já estariam mesmo fora da Europa.

Os londrinos entraram melhor, tiveram um remate de Mason Mount intercetado e outros dois de Reece James e Timo Werner travados junto ao poste por De Gea com Rashford a não descer para acompanhar o lateral/ala e dominaram quase por completo o primeiro tempo, que terminou sem oportunidades para o Manchester United e apenas uma ameaça de Ronaldo num remate acrobático por cima. Era quase como se a vontade de fechar a própria baliza limitasse as abordagens à baliza contrária e o Chelsea jogava à vontade, com mais bola do que poderia imaginar (65%) mas sem criar muitas ocasiões. Nas bancadas, aí, as manifestações de apoio a Ronaldo naquele que era o primeiro encontro em Old Trafford depois da morte de um dos seus bebés no parto tinham também cartazes e tarjas com outra mensagem: “Glazers out”.

A mudança de flanco de Elanga para a esquerda por troca com Rashford mostrava bem as intenções de Ralf Rangnick: estabilizar a equipa sem bola no plano defensivo. No entanto, os problemas continuavam lá, da incapacidade em esticar o jogo até ao último terço à enorme distância entre defesa e meio-campo que ia permitindo ao Chelsea saídas sempre com passes rápidos como aquela que deu o primeiro golo a Marcos Alonso (60′). No entanto, e para não variar, o Manchester United voltou a contar com o abono de sempre. Uma oportunidade, um golo: recuperação de Matic em zona alta, passe para grande receção do português e remate de primeira cruzado por alto que fez o empate apenas dois minutos depois. Reece James ainda acertou no poste mas o empate iria mesmo manter-se até ao final, penalizando sobretudo o Chelsea.