Um prisioneiro norte-americano tem cerca de duas semanas para decidir se prefere morrer através de injeção letal ou com recurso ao gás usado pelos nazis para matar os judeus nos campos de extermínio. Frank Atwood foi condenado à morte pelo homicídio de Vicki Lynne Hoskinson, uma rapariga de oito anos, em 1984, crime que assegura não ter cometido.
Esta terça-feira, o supremo tribunal do Estado de Arizona decretou que Atwood, de 66 anos, tem até dia 19 de maio para decidir entre um cocktail de drogas (que nem sempre provocam uma morte rápida e isenta de dor) para a injeção letal e o gás de cianeto de hidrogénio.
Na década de 19990, este gás foi utilizado pela última vez no Arizona para matar dois prisioneiros: segundo o The Guardian, um dos homens sofreu uma morte agonizante e prolongada por asfixia que durou 18 minutos.
Com base neste histórico, os advogados de Frank Atwood estão a tentar convencê-lo a não escolher o gás Zyklon B (outra das nomenclaturas dada ao gás). O problema, no caso de se optar pela injeção letal, é que este método também não é completamente eficaz para uma morte rápida e indolor. Em 2014, quando foi executado no Arizona por injeção letal, Joseph Wood demorou cerca de duas horas até morrer, tendo sido necessário injetá-lo 15 vezes.
A condição médica de Atwood também tem de ser tida em conta na hora da decisão, visto que o prisioneiro sofre de um problema de degeneração da espinal medula, pelo que estar amarrado durante o processo lhe causaria dor extrema.
Cada segundo naquela mesa será agonizante devido à estenose aguda da medula. A posição infligiria dor extrema em pelo menos 16 pontos onde os seus nervos saem da espinal medula”, afirmou Joseph Perkovich, um dos advogados do de Atwood.
Os advogados do prisioneiro de 66 anos propuseram ao tribunal que Frank fosse executado por um pelotão de fuzilamento.
Caso opte pela morte com gás Zyklon B, Frank Atwood será a primeira pessoa a ser executada, este século, com o gás utilizado durante o Holocausto. A mesma opção foi dada a um outro prisioneiro do Arizona, mas, no dia 28 de abril, Clarence Dixon optou pela injeção, que lhe será administrada no dia 11 de maio, segundo a Associated Press.
A mãe de Frank Atwood, Alice, pertencia a uma família judaica de Viena e fugiu da Áustria em 1939, escapando às rusgas da Gestapo. A saída do país pode ter evitado que o seu destino fosse idêntico ao de milhões de judeus: ser morta pelos nazis numa câmaras de gás.
O Arizona é o único Estado norte-americano com uma câmara de gás em funcionamento, embora outros Estados tenham gás letal nos seus protocolos de execução.