A Dacia assinalou um importante marco na sua história: o fabricante romeno viu sair da linha de montagem de Mioveni, a 20 de Abril, a unidade 10 milhões desde a fundação da marca, em 1968. O modelo em causa foi um Dacia Duster, o SUV mais vendido a clientes particulares na Europa desde 2018, aqui na versão Extreme L.E. Urban Gray.

Concentrando actualmente as vendas na Europa e na bacia do Mediterrâneo, e distribuindo o esforço comercial por um total de 44 países, a Dacia foi relançada em 2004 pelo Grupo Renault, que aproveitou agora a produção da unidade 10 milhões para realçar alguns números que explicam o sucesso crescente do fabricante low-cost. Em menos de uma década, a Dacia saltou de 5 milhões de unidades (2014) para mais do dobro, em grande medida graças ao êxito do Sandero, que é desde 2017 o automóvel mais vendido a particulares na Europa. O Duster está-lhe no encalço (2,1 milhões desde 2018), com o Logan a totalizar quase 2 milhões (1,95 milhões).

Segundo a própria marca, todos os modelos que envergam o seu emblema são “conhecidos pela robustez”, o que faz deles não só propostas acessíveis como também fiáveis. E a explicação para ser “vulgar ver muitos Logan e Duster com várias centenas de milhares de quilómetros no hodómetro” reside num processo de envelhecimento artificial, que a Dacia leva a cabo no Centro Técnico de Titu, 45 minutos a noroeste de Bucareste.

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É nessas instalações, inauguradas em 2010, que 600 pessoas garantem que é possível simular em semanas o equivalente a vários anos de uso, nas mais variadas condições climatéricas. É suposto que os materiais durem, resistam à corrosão, à própria utilização e não se degradem num espectro extremo de temperaturas. Daí que o envelhecimento dos plásticos – e este material é muito utilizado nos veículos mais baratos – seja avaliado numa quase terapia de choque, que vai desde a simulação de anos de exposição ao sol, com várias amostras a serem submetidas a 3000 horas de luz UV, passando pela resistência dos materiais quando expostos a temperaturas de -40° a 100°C. Os típicos arranhões que decorrem da utilização, ou porque as chaves ou um anel riscaram os plásticos, são outra das especialidades do laboratório da Dacia dedicado a avaliar a durabilidade dos materiais. A marca salienta que estas “mazelas” são inevitáveis, mas assegura que os riscos devem “continuar superficiais e não alterar as propriedades do plástico”.

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Num outro laboratório, operacional desde 2015, a atenção vira-se para tudo o que é metal. Portas, chassi, capot – tudo isto e mais umas quantas amostras passam por uma câmara de corrosão, porque os acidentes acontecem e é necessário perceber como é que os pequenos toques e arranhões vão evoluir, quando o metal deixar de ter a protecção oferecida pela pintura. É suposto que “a corrosão permaneça superficial e não se desenvolva” e é nesse sentido que a Dacia diz executar “2000 testes por ano para garantir a qualidade dos componentes metálicos”. Um deles, possivelmente, até pode ser divertido para quem lá trabalha: trata-se de projectar brita a alta pressão contra o metal, só para ver como é que a carroçaria resiste ao tratamento…

Parecendo tentar provar que barato não é necessariamente sinónimo de mau, o fabricante low-cost que tem conquistado cada vez mais europeus sublinha que “só depois de todas as peças e materiais serem validados” por esta (agressiva) bateria de testes, é que são integrados nos novos modelos Dacia, “para que cada proprietário possa alcançar o milhão de quilómetros de cabeça erguida”.