No início de março, a McDonald’s anunciou o encerramento temporário das lojas situadas na Rússia. Agora, a cadeia de restaurantes de fast food vai mais longe e anuncia mesmo a intenção de vender o seu negócio no país, onde conta com 850 restaurantes abertos.

A decisão reforça o isolamento comercial da Rússia, país de onde as mais conhecidas marcas norte-americanas — a McDonald’s será mesmo das mais simbólicas — têm saído nos últimos meses. E é explicada com os impactos da guerra. Esta segunda-feira, a marca veio defender que a crise humanitária causada pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia significa que operar naquele país já não é uma opção consistente “com os valores da McDonald’s”.

“Esta é uma questão complicada, que não tem precedentes e tem consequências profundas”, adiantou o diretor executivo Chris Kempczinski, num comunicado citado pela imprensa internacional. “Temos um compromisso com a nossa comunidade global e devemos manter firmemente os nossos valores. E o compromisso com os nossos valores significa que já não podemos manter os nossos arcos a brilhar aqui [uma referência ao logotipo da McDonald’s e aos seus arcos amarelos]”.

Depois, numa carta aos trabalhadores, citada pelo The Guardian, Chris Kempczinski lembrou a história da cadeia de restauração no país — e as memórias históricas que traz, associadas ao fim da União Soviética: “É impossível imaginar os arcos dourados a representarem a mesma esperança e promessa que nos levaram a entrar no mercado russo”.

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“Algumas pessoas poderão dizer que dar acesso a comida e continuar a dar emprego a dezenas de milhares de cidadãos comuns é a coisa certa a fazer. Mas é impossível ignorar a crise humanitária causada pela guerra na Ucrânia”, acrescentou.

Neste momento, garantiu o diretor executivo da marca, a prioridade será garantir que os trabalhadores russos — cerca de 62 mil — continuam a ser pagos até ser feito o negócio da venda e que têm emprego quando a venda estiver concluída.

Marcas norte-americanas saem da Rússia. Há 30 anos formavam-se filas para provar o “sabor” da América

A intenção da marca é  agora começar a retirar o nome, logotipo e menu da McDonald’s dos restaurantes, como escreve o The Guardian, antes de os vender. Cerca de 84% dos restaurantes da gigante de fast food no país são detidos pela empresa, enquanto o resto são franchises.

A McDonald’s estava na Rússia há 32 anos. No dia de abertura, a 31 de janeiro de 1990, milhares de pessoas esperaram durante horas em filas, que davam a volta a vários quarteirões, à porta do primeiro restaurante — na praça Pushkin, em Moscovo — para provarem, pela primeira vez, um hambúrguer que é também um símbolo norte-americano.

Segundo a McDonald’s, as lojas que tem na Rússia e na Ucrânia geram 9% das suas receitas anuais.