Uma pessoa que teve Covid-19 e que voltou a ter a doença pode ser novamente infetada no espaço de apenas alguns meses, de acordo com os especialistas ouvidos pelo TheNew York Times. Em alguns casos de reinfeção, os sintomas podem mesmo persistir durante meses ou anos, garantem os cientistas.
No início da pandemia, os investigadores consideravam que a infeção pelo novo coronavírus ou a vacinação contra a Covid-19 era capaz de prevenir novas infeções. Com o surgimento da Ómicron e suas variantes, foi-se percebendo que é possível ter uma terceira e até quarta reinfeção no espaço de apenas um ano.
Não é possível saber ao certo quantas vezes um indivíduo pode ter Covid-19 mas, ao que tudo indica, “a maioria das pessoas será infetada várias vezes num ano”, disse Kristian Andersen, virologista no Scripps Research Institute, em San Diego, nos Estados Unidos da América, admitindo que ficará “muito surpresa” se isso não acontecer.
“Vimos pessoas com múltiplas infeções no espaço de um ano”, afirmou por sua vez Jeffrey Shaman, epidemiologista na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, ao The New York Times, sugerindo que a Covid-19 pode vir a ser uma doença recorrente ao longo de todo o ano e não apenas no inverno. “E não será um incómodo leve em termos da quantidade de morbidade e mortalidade que causa”, defendeu.
Ouvida pelo mesmo jornal, Juliet Pulliam, epidemiologista na Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, garantiu que “o vírus vai continuar a evoluir” e que “provavelmente vai haver muitas pessoas a terem muitas, muitas reinfeções ao longo das suas vidas”.
Isso não significa que a vacinação tenha perdido relevância. Os especialista continuam a defender que é importante para evitar casos graves de doença e que contribui, ainda que menos do que era esperado, para diminuir as probabilidades de reinfeção.
Para maximizar a sua eficácia, é importante que a vacina seja tomada antes do início de uma nova vaga, à semelhança do que acontece com a vacina contra a gripe, e que seja atualizada mais rapidamente (mais rapidamente do que a da gripe), de modo a acompanhar a evolução do vírus.
De acordo com os especialistas, mesmo que a vacina não seja uma resposta perfeita a uma nova forma do coronavírus, contribuirá na mesma para aumentar a imunidade e oferecer alguma forma de proteção.