Nos últimos anos, o Arsenal é um clube que respeita a Lei de Murphy — a lei que indica que, numa determinada situação e num determinado contexto, tudo aquilo que pode correr mal vai mesmo correr mal. E esta temporada não é exceção. Os gunners já estiveram com o apuramento para a Liga dos Campeões na mão, chegaram a sonhar com o terceiro lugar, caíram para o quinto e precisam de um autêntico milagre na última jornada para carimbar o regresso à liga milionária seis anos depois.

A ideia de que a época poderia não acabar da forma esperada apareceu ainda em abril, quando o Arsenal perdeu consecutivamente com o Crystal Palace, o Brighton e o Southampton. Contudo, nos três jogos seguintes, a equipa de Mikel Arteta venceu o Chelsea, o Manchester United e o West Ham, renovando a esperança. Na semana passada, porém, começou a derrocada: o Arsenal perdeu de forma clara com o rival Tottenham, num dérbi do norte de Londres que era também um confronto direto pelo quarto lugar. Esta segunda-feira, depois de nova derrota frente ao Newcastle, os gunners deixaram os spurs a um único ponto de garantir o apuramento para a Liga dos Campeões.

Ou seja, em resumo: para ainda chegar ao quarto lugar e à Champions, o Arsenal tem de vencer o Everton e esperar que o Norwich, que já foi despromovido ao Championship, vença o Tottenham na última jornada da Premier League. Um cenário improvável que foi precipitado pela derrota frente ao Newcastle — que motivou uma reação intempestiva de Granit Xhaka, o médio suíço que já foi capitão de equipa e que é um dos principais líderes do balneário.

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“Hoje não merecemos estar em campo, desde o primeiro minuto ao minuto 90. O que aconteceu foi uma exibição desastrosa e, a jogar assim, não merecemos estar na Liga dos Campeões. Nem sequer merecemos estar na Liga Europa. É muito difícil encarar isto. Não sei porque é que não fizemos aquilo que o treinador pediu”, disse Xhaka, atirando-se depois aos próprios colegas de equipa. “Se não estão prontos para o jogo, fiquem em casa. Não interessa a idade. Se não estão prontos ou estão nervosos, fiquem no banco, fiquem em casa, não venham para aqui. Precisamos de pessoas com ‘bolas’ para vir para aqui e jogar. Sabíamos que este jogo era provavelmente o mais importante para nós e uma exibição destas não é aceitável”, acrescentou o internacional suíço.

Já Mikel Arteta, que renovou recentemente o vínculo que o liga ao Arsenal, mostrou-se igualmente crítico. “Normalmente, sento-me aqui e consigo defender a equipa. Hoje, o Newcastle foi 100 vezes melhor do que nós em todos os departamentos, desde o início ao fim, e isso é muito difícil de aceitar. Não reagimos, não competimos. Nunca entrámos no jogo. Colocámo-nos em problemas, perdemos todos os duelos. O Newcastle mereceu ganhar, até merecia ganhar por uma margem maior”, atirou o treinador, que não deixou de assumir a “máxima responsabilidade” pelo resultado. “Se alguém criou algum tipo de expectativas este ano, foram estes jogadores e vou sempre defendê-los. Mas, hoje, isso é uma coisa muito difícil de fazer”, completou Arteta.