Foi uma mudança rápida. Na segunda-feira, Mikhail Kodaryonok, coronel na reserva e comentador televisivo, criticou a estratégia do Presidente russo, Vladimir Putin, durante a guerra. Esta quarta-feira à tarde, também num programa da televisão estatal russa, o militar mudou por completo o discurso, antevendo uma “surpresa muito desagradável” para a Ucrânia.

Mikhail Kodaryonok mencionou os ataques da Rússia aos obuses norte-americanos no território ucraniano, conjeturando que continuarão a ser um alvo das forças russas “num futuro próximo”. “Serão procurados, descobertos e atingidos”, garantiu o coronel na reserva, acrescentando que brevemente serão apenas “memórias”.

Assegurando que este objetivo será “concretizado”, o coronel abordou as notícias das vitórias que a Ucrânia estará a conseguir frente à forças russas.“Circulam apenas rumores — e de facto são mesmo rumores — de que [a Ucrânia] está a ter alegadamente grandes sucessos em contra-ataques”, disse Mikhail Khodaryonok, caracterizando esses rumores como “inválidos”.

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Para demonstrar o falhanço das forças ucranianas, o coronel na reserva lembrou o plano das Snake Islands. Mikhail Khodaryonok apontou que a Ucrânia precisa de obter a “supremacia aérea”, sendo que, “nos próximos meses”, será “impossível as forças armadas ucranianas” alcançarem tal feito.

Além disso, na área naval, o responsável também desvalorizou a Ucrânia: “Precisam de ganhar supremacia naval”, principalmente no Mar Negro, algo que está “fora de questão”. “No melhor cenário, serão preciso anos ou talvez décadas para o conseguirem.”

“E então, quando falam na habilidade da Ucrânia em contra-atacar, é um grande exagero”, insinuou Mikhail Khodaryonok, acreditando no sucesso da ofensiva russa. Num futuro próximo, a Ucrânia “terá uma surpresa muito desagradável”, anteviu.

“Por muito que odiemos admiti-lo, o mundo inteiro está contra nós”. Coronel russo na reserva condena estratégia de Putin na TV estatal

Estas declarações contrastam com as que Mikhail Kodaryonok proferiu na segunda-feira: “Eles [os ucranianos] tencionam lutar até ao último homem. Em última análise, a vitória no campo de batalha é determinada por um elevado nível de moral entre o pessoal, que derrama sangue pelas ideias pelas quais está preparado para lutar”.

Também na segunda-feira o  coronel na reserva admitiu que “a principal deficiência da posição político-militar russa é que, de certa forma, estamos em total isolamento geopolítico e que, por muito que odiemos admitir isto, praticamente o mundo inteiro está contra nós”. A “situação irá francamente piorar”, preconizou na segunda-feira, antevendo um cenário com “um milhão de soldados ucranianos armados”.