O vocalista da banda de rock russa DDT foi acusado, esta quinta-feira, de desacreditar o Exército da Rússia, ao questionar os objetivos da invasão da Ucrânia durante um concerto.
As acusações contra Yuri Shevchuk foram encaminhadas esta quinta-feira para um tribunal administrativo e o artista enfrenta uma multa de até 50.000 rublos (cerca de 756 euros).
Após o início da invasão russa da Ucrânia, o regime russo aprovou uma lei mais severa contra a disseminação de “notícias falsas” sobre o conflito, que pode resultar em penas até 15 anos de prisão.
Durante um concerto na cidade de Ufa, que decorreu esta quarta-feira, o vocalista questionou os objetivos da guerra e porque é que os jovens russos e ucranianos estão a lutar e a morrer numa guerra que também está a vitimar civis.
Velhos, mulheres e crianças estão a morrer. Para algum tipo de planos napoleónicos do nosso último César, é isso?”, questionou.
“A pátria, meus amigos, não é o rabo de um presidente que vocês têm que lamber e beijar o tempo inteiro. A pátria é uma avó pobre que vende batatas na estação de comboios. Essa é a pátria”, acrescentou.
A guerra na Ucrânia, que entrou esta sexta-feira no 85.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas — cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou esta sexta-feira que 3.811 civis morreram e 4.278 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.