O Pentágono alertou nesta quinta-feira que, apesar dos sucessos das forças ucranianas em Kharkiv, o Exército russo está a conseguir reforçar o seu controlo sobre o Donbass e o sul do país, significando que o conflito pode durar muito tempo.

As forças russas continuam a ter problemas de coesão, de moral das tropas e de logística, disse um alto funcionário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos aos jornalistas, sem confirmar a limpeza dentro do comando militar russo mencionado por Londres. “Vamos continuar a estar muito cautelosos sobre as nossas previsões”, acrescentou.

O alto funcionário, que pediu anonimato, indicou que os Estados Unidos estão “absolutamente determinados a fazer tudo para ajudar os ucranianos a se defenderem, inclusive treinando-os”.

“[Os ucranianos] comportam-se muito bem no campo de batalha, não têm problemas de coesão, não têm problemas de comando, a sua logística e abastecimento são realmente históricos”, observou.

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“Mas os russos ainda têm à sua disposição uma parte significativa das capacidades que acumularam desde o outono” nas fronteiras da Ucrânia, sublinhou.

A entidade afirmou ainda que “a capacidade de luta não é suficiente para vencer uma guerra”, dizendo que “é preciso ter vontade de lutar e um bom caminho”. Mas, apesar de tudo isto, “continuamos a acreditar que este conflito vai durar”, anotou.

O Exército russo, que agora concentra os seus esforços no sul da Ucrânia para construir uma ponte terrestre para ligar o território russo à península da Crimeia anexada em 2014, assumiu o controlo do porto de Mariupol após a rendição de soldados ucranianos que defendiam a siderúrgica de Azovstal.

O Kremlin está “absolutamente convencido” da “libertação” de Donbass e da desmilitarização dos territórios vizinhos no leste da Ucrânia, após a rendição de quase todos os defensores de Azovstal.

“Em primeiro lugar, a libertação completa dos territórios históricos aguarda o Donbass. Estou absolutamente convencido de que o Exército russo e as milícias populares de Donetsk e Lugansk vão restaurar as fronteiras históricas”, disse o vice-chefe da administração presidencial, Sergei Kiriyenko.

Sergei Kiriyenko enfatizou que Moscovo aspira “desmilitarizar os territórios vizinhos para que parem de lançar mísseis e morteiros no território do Donbass”. “O futuro de Donbass vai ser decidido pelos seus habitantes. Tenho a certeza de que vão ter essa hipótese”, disse.

A guerra na Ucrânia, que entrou no 85.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas — cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou hoje que 3.811 civis morreram e 4.278 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.