O oligarca russo Roman Abramovich, que foi alvo de sanções da União Europeia e de vários outros países por causa das ligações ao Kremlin, decidiu processar o Conselho Europeu.
Segundo a agência russa Tass e a Associated Press, o processo já deu entrada no Tribunal Europeu de Justiça, não havendo informações sobre os motivos que Abramovich está a invocar para justificar o processo.
No entanto, a decisão surge depois de a União Europeia ter decidido, a 15 de março, incluí-lo na lista de pessoas com ligações ao regime russo que sofreram sanções individuais, incluindo o congelamento de bens e proibição de viajar.
Nessa altura, a União Europeia argumentou que Abramovich tem tido “acesso privilegiado” a Vladimir Putin, com quem mantém “muito boas relações”, e que essa ligação “o ajudou a manter a sua considerável riqueza”. Abramovich chegou mesmo a servir de intermediário em negociações com delegações russas e ucranianas.
Além disso, prosseguia o comunicado emitido na altura da decisão de sancionar o oligarca e outras 877 pessoas, “Roman Abramovich é um dos principais acionistas do grupo siderúrgico Evraz, que é um dos maiores contribuintes da Rússia“, e “tem por isso obtido benefícios dos decisores russos responsáveis pela anexação da Crimeia ou pela desestabilização da Ucrânia”.
“É também um dos destacados empresários russos com atividade em setores económicos que representam uma fonte substancial de receitas para o governo da Federação Russa, que é responsável pela anexação da Crimeia e pela desestabilização da Ucrânia”.
Roman Abramovich na lista de sanções da União Europeia pelos “estreitos laços” com Vladimir Putin
Abramovich também foi sancionado pelo Reino Unido, por “apoiar a invasão bárbara e brutal da Ucrânia” e apressou-se, por isso, a vender o Chelsea, clube britânico de que era dono e que foi vendido por 3,2 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros) a um consórcio norte-americano. A venda chegou a estar suspensa por causa das sanções, mas foi finalizada esta segunda-feira.
Foram, como a Associated Press refere, as autoridades portuguesas que confirmaram que o dinheiro da venda do Chelsea não vai parar aos bolsos do oligarca russo, devendo reverter para “atividades humanitárias” na Ucrânia.
Isto porque Abramovich conseguiu, graças à lei da nacionalidade — que permite a naturalização de descendentes de judeus sefarditas, expulsos de Portugal no fim do século XV — tornar-se português, num processo acelerado que está, de resto, a ser investigado pelo Ministério Público, e que o Público noticiou ter resultado de pressões da Comunidade Israelita do Porto.
Abramovich foi ainda sancionado pelo Canadá e pela Austrália.