O governo russo apelou esta terça-feira a Israel para que retire as tropas do sul do Líbano, enquanto Pequim condenou “qualquer violação da soberania libanesa”, depois de Israel ter anunciado ataques terrestres “limitados” no país vizinho.
“A Rússia condena veementemente o ataque ao Líbano e apela às autoridades israelitas para que cessem imediatamente as hostilidades, retirem as tropas do território libanês e se empenhem numa verdadeira procura de formas pacíficas de resolver o conflito no Médio Oriente”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo numa declaração publicada na sua conta do Telegram.
“A natureza combinada da invasão israelita, que envolve todos os ramos do exército, sugere que o número de mortos irá aumentar rapidamente“, acrescentou.
Moscovo considerou ainda ser “evidente” que “esta medida, tomada pela direção militar e política de Israel na sequência do assassinato de vários altos responsáveis do Hezbollah, conduzirá a um novo aumento da violência no Médio Oriente”, afirmou.
A diplomacia exprimiu ainda a sua “solidariedade” para com as autoridades e o povo do Líbano, “sujeitos a uma agressão armada”.
Por seu lado, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, alertou para os riscos de “expansão geográfica das ações militares” no Médio Oriente, na sequência da ofensiva israelita, que nas últimas horas levou também a cabo um bombardeamento contra a capital síria, Damasco, que fez pelo menos três mortos.
“Estamos a assistir a uma expansão geográfica das cções militares. Isto leva a uma maior desestabilização na região e a um aumento das tensões”, considerou, sublinhando que “esta tensão é extremamente destrutiva para toda a região”.
“Estamos muito preocupados”, reconheceu.
Também a China se manifestou “profundamente preocupada” com a “nova escalada” após o anúncio de Israel de uma ofensiva terrestre no Líbano, e opôs-se a “qualquer violação da soberania libanesa”.
Pequim “opõe-se a qualquer violação da soberania, segurança e integridade territorial do Líbano e opõe-se a qualquer ato que agrave os conflitos e conduza a uma nova escalada da situação regional”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em comunicado.
Na declaração, Pequim instou Israel a “tomar medidas para desanuviar a situação”.
O exército israelita anunciou esta terça-feira o lançamento de uma ofensiva terrestre no sul do Líbano contra o grupo xiita Hezbollah, após uma semana de intensos bombardeamentos que causaram centenas de mortos em todo o país.
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No entanto, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), posicionada ao longo da fronteira com Israel, afirmou não ter detetado qualquer incursão israelita “até ao momento”.
A ONU alertou para as consequências de uma “invasão terrestre em grande escala” por parte de Israel no Líbano.
Os ataques israelitas aumentaram desde meados de setembro e mataram grande parte da liderança do grupo, incluindo o seu secretário-geral, Hassan Nasrallah, que foi morto na semana passada.
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