As autoridades da autarquia japonesa de Shimane (oeste) anunciaram esta quinta-feira a aprovação do reinício de um reator nuclear, idêntico aos da central de Fukushima, primeiro do tipo a entrar em funcionamento desde a catástrofe de 2011.

A decisão foi anunciada pelo governador de Shimane, Tatsuya Maruyama, numa sessão da assembleia regional, sobre a segunda de três unidades da central nuclear, propriedade da Chugoku Electric Power, localizada na cidade de Matsue.

As autoridades pretendem reiniciar a unidade o mais tardar até 2023. O reator número 3 da central de Shimane está a ser avaliado, tendo sido decidido que o reator 1 será desativado, de acordo com a Federação das Empresas de Energia Elétrica do Japão (FEPC).

Até aqui, os reatores reativados eram de água pressurizada, enquanto o reator de água em ebulição da central de Shimane é do mesmo tipo dos que registaram uma fusão parcial na central de Fukushima Daiichi, na sequência do sismo e do tsunami de 11 de março de 2011, nos quais morreram ou desapareceram mais de 18 mil pessoas.

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Japão assinala 11 anos do tsunami e da catástrofe nuclear de Fukushima

“Temos de respeitar as decisões da autoridade reguladora nuclear sempre e quando as novas regulamentações forem aprovadas”, disse o porta-voz do Governo japonês, Hirokazu Matsuno, em conferência de imprensa.

Este tipo de energia “é importante” num contexto de oferta limitada e de aumento dos preços dos combustíveis, indicou.

A aprovação a nível governamental do reinício do reator chega dois dias depois de um tribunal ter parado o arranque de uma central atómica em Hokkaido (norte), um novo revés judicial para os planos do Governo de expandir a geração de energia atómica, depois do acidente em Fukushima.

Os planos e aprovações para reiniciar os reatores 3 e 4 na central Oi (oeste) e na central Tokai (centro) também foram suspensos pelos tribunais nos últimos anos.

O Japão entrou num “apagão nuclear”, na sequência do desastre na central Fukushima Daiichi, na sequência do tsunami desencadeado pelo sismo de magnitude de 9,1 com epicentro ao largo da costa nordeste da região de Tohoku, na ilha de Honshu, a maior do arquipélago japonês.

O desastre de Fukushima é considerado o pior acidente nuclear civil desde Chernobyl, na Ucrânia, ocorrido em abril de 1986.

O governo e o regulador nuclear do Japão estabeleceram critérios de segurança mais rigorosos na sequência da crise de Fukushima, forçando todas as centrais do país a suspenderem as operações até cumprirem as novas normas.

O Japão reiniciou o primeiro reator em 2015. Desde então, dez voltaram a estar em funcionamento, oito foram aprovados, incluindo os de hoje, e dez estão a ser avaliados. Outros oito não iniciaram aplicações e 21 foram desativados.

Dois reatores de água em ebulição na central Kashiwazaki-Kariwa, um em Onagawa e outro em Tokai foram já autorizados a funcionar, mas nenhum foi reiniciado até agora.

O Governo japonês pretende que as centrais nucleares do país contribuam entre 22% e 24% do cabaz energético do páis, que pretende atingir a meta de ser carbono neutro em 2030.