A Assembleia da República aprovou, esta sexta-feira, por unanimidade um voto de saudação pelo centenário do nascimento do arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, que morreu em 2020.

O voto, que foi apresentado pelo presidente do parlamento, Augusto Santos Silva, e aprovado por todas as bancadas e deputados únicos, evoca a “memória desta figura marcante do século XX português, nomeadamente — mas não apenas — na área da arquitetura paisagista”, que deixou a “impressão digital na paisagem” de Lisboa.

Antes da votação, todos os grupos parlamentares e os deputados únicos do Livre e PAN apresentaram palavras de apreço ao legado que Ribeiro Telles deixou não só na arquitetura, mas também na política, enquanto deputado à Assembleia da República.

Hugo Pires, do PS, disse que “a maior homenagem” que se pode prestar ao seu legado é o trabalho que o país tem vindo a desenvolver nas florestas e no processo de descarbonização.

Já o social-democrata Bruno Coimbra disse que Ribeiro Telles conseguia “ver a arte e ver a floresta”, enquanto a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, disse que o arquiteto aliava “o betão ao verde” e que as suas conquistas “são suprapartidárias”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, morreu em 11 de novembro de 2022, em Lisboa, aos 98 anos.

Nascido a 25 de maio de 1922, em Lisboa, Gonçalo Ribeiro Telles é autor de projetos relevantes em Lisboa, como os Corredores Verdes e os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, obra que assinou em conjunto com António Viana Barreto, e que viria a ser distinguido com o Prémio Valmor, em 1975.

Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e iniciou a vida profissional na Câmara Municipal de Lisboa, onde trabalhou com Francisco Caldeira Cabral, com quem viria a publicar “A Árvore em Portugal”.

Figura tutelar da defesa da ecologia para fundamentar a intervenção na paisagem e no território, Gonçalo Ribeiro Telles foi o responsável pelo lançamento da política de ambiente em Portugal, cuja legislação incentivou quando passou por vários cargos públicos, nomeadamente como ministro de Estado e da Qualidade de Vida, entre 1981 e 1983.

No plano político, participou nas campanhas eleitorais dos movimentos monárquicos populares e, antes do 25 de Abril, foi candidato nas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD).

No plano cultural, foi um dos fundadores do Centro Nacional de Cultura (CNC).

O parlamento também foi unânime na congratulação pela atribuição do prémio LeYa 2021 ao poeta José Carlos Barros, galardão com o qual foi distinguido em dezembro de 2021 com a obra “As Pessoas Invisíveis”.

O Prémio LeYa “é atribuído por prova cega, sendo a autoria dos romances desconhecida ao longo de todo o processo de leitura e avaliação”. “A autoria do romance vencedor, selada em sobrescrito, apenas é conhecida depois de tomada a decisão do júri”, explica o grupo editorial.

Em 2010, 2016 e em 2019 o júri não atribuiu o galardão, justificando “falta de qualidade” das obras candidatas. No ano passado, o prémio foi suspenso por causa da pandemia.