Há cidadãos russos pró-guerra a organizar campanhas de angariação de fundos (crowdfunding) para abastecer o exército russo com os equipamentos de que os soldados mais precisam, numa altura em que a guerra se arrasta na Ucrânia e que surgem relatos de falta de material no exército russo.

Segundo o The Telegraph, já foram enviadas desde botas de combate, a miras de espingarda, drones, rádios ou mesmo pás e câmaras termográficas, tudo materiais pagos por cidadãos comuns que querem ajudar o exército da Rússia na Ucrânia. As campanhas, avança o jornal, são apoiadas pelo Kremlin, nomeadamente nos canais oficiais de Telegram.

Ao jornal, Sophia, de 35 anos, voluntária numa das campanhas de angariação de fundos em Belgorod, no sul da Rússia, diz que a adesão dos “russos patriotas” mostra que há um grande apoio popular da invasão da Ucrânia — que Moscovo continua a classificar como uma “operação especial”. Aliás, a retórica dos responsáveis russos tem passado por propagar a ideia de que a “operação” se fez para proteger a Rússia da ameaça nazi e que está a decorrer sem sobressaltos.

Só que, lembra o The Telegraph, há relatos de que não seja bem assim, mesmo apesar de, alegadamente, a Rússia ter preparado durante meses a ofensiva: um deles dá conta de soldados russos que receberam papel higiénico encharcado e telefones da era soviética. Já uma conversa telefónica intercetada em meados de maio mostrava soldados russos indignados com as condições no exército. “Precisamos de imagens térmicas, mas temos de comprar tudo nós próprios”, disse um soldado a um colega, insultando o exército russo.

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Sophia, por sua vez, nega que o exército russo esteja mal equipado: “Os militares são pessoas especiais. Pensam no futuro e pedem frequentemente reservas para que se possa evitar a escassez”, respondeu. Sophia avança que o dinheiro “vem de todo o país” e que há desde quem envie 100 rublos (cerca de 1,5 euros) a 100.000 rublos (cerca de 1.500 euros).

Para a voluntária, a campanha de angariação de fundos trata-se de defender a nação: “Mais de 200 cidades na Rússia têm apoiado os nossos combatentes desde o início da operação especial, porque os russos não abandonam os seus. Adoramos o nosso exército russo.”

Do lado da Ucrânia também há, desde o início da invasão pela Rússia, campanhas de crowdfunding para ajudar a abastecer o exército com material de combate, promovidas por empresas ou particulares. O país tem também contado com o abastecimento de equipamentos pelos aliados do Ocidente.

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