As declarações de Emmanuel Macron de que a Rússia não deve ser “humilhada” geraram uma onda de críticas na Ucrânia e nos seus países vizinhos. A mais recente foi a da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, que afirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, pode “salvar a face” se decidir “enviar as suas forças, que estão num país estrangeiro, de volta para a Rússia”. 

Numa conferência de imprensa no Reino Unido citada pelo Guardian, Kaja Kallas também não percebe o motivo pelo qual o Presidente francês continua a falar com o homólogo russo. “Eu não vejo qual é o ponto de falar com ele [Vladimir Putin] se queremos passar a mensagem de que está isolado e a mensagem de que não vai escapar impune e será responsabilizado por todos os crimes cometidos”, afirmou a chefe do Executivo estónio.

Macron diz que Putin cometeu “erro histórico e fundamental”

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Além disso, a questão de se alcançar um cessar-fogo também fazem a primeira-ministra da Estónia ficar “preocupada”. “Um cessar-fogo não significa que as atrocidades vão acabar nos territórios ocupados”, avisa, sinalizando que a comunidade internacional já “cometeu esse erro três vezes — na Geórgia, em Donbass e Crimeia”. “Não podemos cometer esse erro outra vez.”

Sobre as sanções aplicadas pela União Europeia, Kaja Kallas considera que a unidade europeia no que diz respeito à invasão da Rússia à Ucrânia pode tornar-se difícil, por conta do impacto da inflação. “Estamos num ponto em que as sanções começam a magoar-nos”, constata, explicando que em primeira instância “as sanções eram apenas difíceis para Rússia”, mas agora está a chegar-se a um ponto em que as “sanções são dolorosas” para os Estados-membros.

A questão é a dor que estamos dispostos a aguentar. A unidade [na UE] é muito difícil de manter. Está a tornar-se cada vez mais difícil por causa do nível mais alto da inflação e dos preços da energia”, vincou a primeira-ministra da Estónia.

Kaja Kallas admite que “alguns países europeus não têm um historial” que lhes permita compreender a ameaça que simboliza a Rússia, algo que é transversal aos países da Europa Central e de Leste. É por isso que alguns Estados-membros da UE podem manifestar diferentes “valores”.

Governo da Estónia cai. Primeira-ministra põe fim à coligação com partido que teve ligações a Putin

Nos últimos dias, o governo estónio caiu por iniciativa da própria primeira-ministra. Em causa, está o facto de o parceiro de coligação governamental manter ligações com o partido de Vladimir Putin. “A situação de segurança na Europa não me dá qualquer oportunidade de continuar a cooperar com o partido do Centro, que é incapaz de colocar os interesses da Estónia acima do dos partidos”, afirmou Kaja Kallas.