A coligação que juntava no governo da Estónia o partido Reforma (centro-direita) e o partido do Centro (que chegou a ter ligações ao partido de Vladimir Putin, na Rússia) não resistiu às críticas endereçadas pela primeira-ministra contra os parceiros de governo. Kaja Kallas acusou os agora ex-parceiros do Centro de não defenderem os interesses da Estónia e de estarem a “trabalhar ativamente” contra os valores do país.

O Financial Times avança que Kaja Kallas, a primeira-ministra, pediu ao Presidente da Estónia, Alar Karis, que demitisse os sete ministros do partido do Centro (centro-esquerda), apesar de o partido ter cortado relações com o Rússia Unida no início da guerra. “A situação de segurança na Europa não me dá qualquer oportunidade de continuar a cooperar com o partido do Centro, que é incapaz de colocar os interesses da Estónia acima do dos partidos”, afirmou, citada pelo jornal. Kallas foi mais longe e acusou mesmo o partido de estar a “trabalhar ativamente contra os valores fundamentais da Estónia”.

A primeira-ministra vai tentar formar uma nova coligação com dois partidos mais pequenos. O The Guardian escreve que o partido de Kallas, o Reforma, propôs conversações para uma eventual coligação com os conservadores do Isamaa e os sociais-democratas. Caso tal não seja possível, será dada ao líder do Centro e ex-primeiro-ministro, Jüri Ratas, a oportunidade de formar uma alternativa de governo.

Na sexta-feira, Kallas defendeu: “Infelizmente, revelou-se que existem dois partidos no parlamento que simplesmente não se podem moldar, mesmo na situação atual, e assegurar a proteção da nossa independência e dos nossos valores constitucionais”.

O Financial Times explica que vários fatores podem ter contribuído para o corte de relações entre os parceiros de governo. Entre eles está um projeto de lei sobre educação pré-escolar (que foi rejeitado pelo Centro, em conjunto com o partido de extrema-direita Ekre), mas o jornal também aponta “tensões de longa data”.

Apesar de o partido do Centro já ter cortado relações com o partido de Putin na sequência da invasão à Ucrânia, a relação não resistiu. Kallas, cujo país faz fronteira com a Rússia, tem defendido que a Europa e os EUA reforcem a ajuda à Ucrânia contra Moscovo, a nível militar e de sanções. Mas o jornal diz que há um entendimento na sociedade civil de que o partido do Centro possa ter desincentivado as ajudas a Kiev.

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