A Transportes Metropolitanos de Lisboa, entidade responsável pela gestão dos transportes públicos na área metropolitana de Lisboa, e a Alsa Todi, a nova operadora de transportes rodoviários nos concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, garantem que os problemas verificados nos últimos dias nas carreiras já foram ultrapassados.

Em causa está a nova Carris Metropolitana, que arrancou a 1 de junho na Margem Sul. O projeto prevê novos autocarros, novos percursos e novos preços, mas os passageiros têm-se queixado de falta de veículos e erros nos percursos. Também os motoristas já se queixaram de falta de informação.

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Em declarações ao Observador, o administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) garante que, depois de um arranque em falso, a situação está mais calma esta terça-feira.

Eu próprio estive esta manhã a ver como a operação estava a decorrer. Estive no Montijo, na Moita, falei com as pessoas que estavam à espera do autocarro. E, aparentemente, tirando as situações mais ou menos pontuais que ocorrem num dia regular, não há questões de maior. O serviço hoje está a funcionar genericamente bem”, descreve Rui Lopo.

O responsável explica que, tal como já tinha sido anunciado, os autocarros estão a fazer percursos antigos. Mas há também motoristas a completar “dois ou três” dos novos trajetos definidos. “É uma situação provisória. É um período de adaptação de mais ou menos 15 dias”, explica o administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa. “E, depois, vamos incrementando os serviços até atingirmos os patamares que são o nosso objetivo”, acrescenta.

Rui Lopo garante ainda que há diálogo com a Alsa Todi, a nova operadora de transportes rodoviários nos concelhos de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, e “sintonia total” com as autarquias.

Na segunda-feira, a Transportes Metropolitanos de Lisboa tinha remetido responsabilidades precisamente para a Alsa Todi. Em comunicado, afirmava que a empresa “assumiu contratualmente um nível de serviço que ainda não conseguiu atingir, nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento de horários e disponibilização de informação ao público”.

Alsa Todi afirma que “situação está normalizada”

O diretor de operações da Alsa Todi, Sérgio Adegas, também afirma que a situação “está normalizada” e que os problemas apontados por passageiros e motoristas nos últimos dias foram ultrapassados. Em declarações ao Observador, o responsável confirma igualmente que há motoristas a fazerem percursos antigos, mas também novos.

Depois de falarmos com os trabalhadores, acordámos em manter o nível de serviço que havia antes. E vamos formando as pessoas gradualmente. Depois, vamos introduzir gradualmente as novas carreiras da Carris Metropolitana. Acho que podemos dizer que a situação está normalizada”, considera Sérgio Adegas.

O diretor de operações da Alsa Todi admite ainda assim alguns constrangimentos: “Os transportes não existem na quantidade que era prevista inicialmente, porque o reforço da oferta não se verifica na sua totalidade. Mas vamos aos poucos introduzindo os novos serviços e assumindo o serviço normal da Carris Metropolitana de Lisboa. A oferta vai estando cada vez mais próxima daquilo que temos contratualizado com a TML”.

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Quanto às críticas da Transportes Metropolitanos de Lisboa, o responsável admite que olha para questão “com naturalidade”.

A TML é quem gere o serviço, tem connosco um contrato, nós experenciámos dificuldades e a empresa encaminhou naturalmente essas dificuldades para o operador. É algo com o qual temos de saber lidar”, afirma.

Em declarações ao Observador, Sérgio Adegas garante que há “contacto permanente” entre as duas empresas e também com os representantes dos trabalhadores. “Em conjunto, ultrapassámos a situação”, diz.

O diretor de operações da Alsa Todi acredita que dentro de “duas a três semanas” o plano inicial da Carris Metropolitana vai ser retomado.

Protestos por falta de informação e documentos em espanhol

Esta segunda-feira, vários autocarros ficaram parados porque os motoristas protestaram por não saberem quais os percursos e as paragens que teriam de fazer. No caso de Setúbal, a Fectrans – Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações informou que cerca de 90% das carreiras urbanas e interurbanas da Carris Metropolitana previstas para ontem não se realizaram. Os motoristas acabaram por fazer uma paralisação espontânea e exigiram formação.  Situação semelhante aconteceu no Montijo.

Houve também motoristas a alertar para outro problema: as chapas de serviço (onde está toda a informação sobre, por exemplo, o serviço que o trabalhador vai fazer durante o dia) estavam em espanhol. O diretor de operações da Alsa Todi, Sérgio Adegas, afirma que esta situação também “está completamente ultrapassada”: “Foi um erro nosso na impressão das escalas de serviço. Em vez de selecionarmos a impressão em português, selecionámos a opção em espanhol”, explica.

A Carris Metropolitana e os novos autocarros amarelos arrancou a 1 de junho em Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal para uniformizar os autocarros municipais e intermunicipais na área metropolitana de Lisboa (exceto Lisboa, Cascais e Barreiro). Todos os veículos passam a amarelos e têm a marca Carris Metropolitana.

Ouça aqui na íntegra as declarações do administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa e do diretor de operações da Alsa Todi.

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