Analistas disseram esta terça-feira à Lusa que uma eventual eleição de Moçambique para membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU vai permitir que o país leve àquele órgão a sua experiência na resolução de conflitos, através do diálogo.
“Temos um ganho de ser um país que sempre vive e viveu de conflitos, temos uma experiência acumulada também para partilhar com o mundo”, disse o politólogo moçambicano João Pereira.
Pereira assinalou que o país pode levar para o palco internacional a sua visão sobre a raiz das guerras no mundo, dado que tem conhecido vários conflitos ao longo da sua história.
Por outro lado, prosseguiu, no Conselho de Segurança da ONU, será possível ampliar a voz em relação a vários temas que fazem parte da agenda global.
“Os países africanos precisam de estar sempre nestes fóruns, como forma de colocar a voz na agenda global. Não podemos sempre delegar, temos de ser nós a fazer a nossa história”, destacou João Pereira, que é também docente na Universidade Eduardo Mondlane, a maior e mais antiga de Moçambique.
Francisco Carmona, editor executivo do semanário Savana, defendeu que a eleição de Moçambique para membro não permanente das Nações Unidas vai dar ao país a oportunidade de mostrar o diálogo como a caminho para a paz.
O jornalista apontou o aumento da reputação do país na comunidade internacional, observando que Maputo já “é bem visto”, a avaliar pelo apoio declarado pela União Africana (UA) à candidatura a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O diplomata e antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique Hipólito Patrício também defendeu que o país poderá contribuir para o reforço do papel das Nações Unidas como instrumento de paz e segurança mundiais.
“A par da paz, para a estabilidade mundial, há que ter em conta os eventos extremos causados pelas mudanças climáticas. Sendo um país que sofre ciclicamente, vamos partilhar a experiência na gestão e mitigação dos impactos negativos dos desastres naturais”, afirmou Patrício, em entrevista ao semanário Domingo.
O diplomata referiu que o país vai levar igualmente as lições do combate ao “terrorismo” na província de Cabo Delgado, região norte.
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, disse na segunda-feira que o país vai trabalhar na preservação da paz e segurança no mundo, durante o seu mandato, em caso de eventual eleição a membro não permanente do Conselho de Segurança.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, cinco permanentes e dez não permanentes.
Moçambique vai tentar substituir o Quénia na vaga do representante africano.
A eleição vai acontecer na quinta-feira na sede da ONU, em Nova Iorque.