O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou esta sexta-feira, 10 de junho, em Londres o dinamismo da mais jovem comunidade portuguesa espalhada pelo mundo, a do Reino Unido, país que definiu como “querido aliado” secular de Portugal.

Marcelo Rebelo de Sousa falava na receção à comunidade portuguesa do Reino Unido, após o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, ter lido o discurso que o primeiro-ministro, António Costa, tencionava fazer nesta ocasião, se não tivesse ficado impedido de viajar por motivos de saúde.

Com o antigo primeiro-ministro e antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso entre os presentes, o chefe de Estado começou por destacar a importância da comunidade portuguesa no Reino Unido.

“Depois de esta manhã, em Braga, em que centenas de milhares de portugueses, sobretudo do Minho, mas de todo o Norte, se reuniram para celebrar o Dia de Portugal, é impressionante que agora, aqui, em Londres, tenhamos aqui tantos portugueses da comunidade mais jovem que possuímos espalhada pelo mundo”, observou o Presidente da República.

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Marcelo Rebelo de Sousa recebeu depois uma prolongada ovação quando se dirigiu aos mais jovens da comunidade portuguesa e declarou: “Estão aqui para celebrar o nosso país. É uma honra ser Presidente da República de um país que vos tem como embaixadores permanentes no Reino Unido”.

Citando a mensagem que antes tinha sido lida por João Gomes Cravinho, em nome do primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa completou: “Vós estais em todos os domínios da vida e das áreas deste grande país nosso aliado há séculos, século e século, querido aliado que é o Reino Unido”.

O Presidente da República realçou depois a ação no Reino Unido de portugueses que são enfermeiros, professores, investigadores, quadros de gestão e economia — uma novíssima geração “ligada em rede à geração mais antiga”.

A meio da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa introduziu uma nota pessoal e pôs a assistência a rir quando contou um episódio de hoje da sua vida familiar.

“O melhor futuro da minha família vive fora de Portugal, um dos dois filhos e todos os meus netos. Um deles até está a trabalhar hoje aqui em Londres, e telefonou-me a dizer que não podia vir”, disse.

Com parte da assistência a rir, o chefe de Estado apresentou a explicação para o sucedido: “Está a fazer um estágio num fundo [financeiro]. E sabem como são os fundos, aproveitam para fazer trabalhar de manhã, à tarde e à noite”, comentou.

Em relação ao Reino Unido, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Portugal tem com este país “uma aliança muito forte e consistente”.

“Devemos a nossa independência no século XIV ao apoio britânico. Devemos a nossa Restauração, no século XVII, ao apoio britânico. Mas os britânicos tiveram o nosso apoio em momentos fundamentais”, sustentou.

De acordo com o Presidente da República, Portugal e o Reino Unido “são ambas potências do mar, ligadas pelos oceanos”.

“Em momentos difíceis de conflitos em vários continentes, nós contamos com os britânicos e os britânicos contaram connosco. Hoje continuamos aliados”, observou.

Neste contexto, o Presidente da República falou sobre o atual estado das relações diplomáticas luso-britânicas, após a saída do Reino Unido da União Europeia.

“Em momentos complexos da vida internacional – para além do facto de essa aliança ser a tradução de sermos universais uns e outros, e sermos europeus uns e outros, embora cada qual vivendo de forma diferente o sermos europeus -, fomos capazes de pôr de pé num curto lapso de tempo tudo o que era necessário para a comunidade britânica poder exercer direitos fundamentais” em Portugal, assinalou.

Já no que respeita aos portugueses residentes no Reino Unido, o chefe de Estado advogou que, do lado britânico, houve sempre “disponibilidade para reconhecer os direitos que devem ser exercidos neste país”.

“Não há muitas alianças que durem seis ou sete séculos, consistentes, sólidas. As alianças só duram porque há quem, como vós, todos os dias construa essa aliança. Cada um de vós é um embaixador de Portugal. Temos aqui dos melhores investigadores, dos melhores alunos, dos melhores quadros”, acrescentou.