A uma semana antes de a Comissão Europeia dar o seu primeiro parecer sobre a candidatura da Ucrânia à adesão à UE, Ursula von der Leyen aterrou em Kiev e pareceu dar sinais claros de que a opinião vai ser favorável. Ao lado do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a presidente da Comissão Europeia teceu elogios ao empenho do país no processo, mas também à solidez das suas instituições, e prometeu estar ao lado da Ucrânia nas “reformas” que o país terá de fazer.
No palanque junto a Zelensky, após uma reunião de trabalho, von der Leyen mostrou um tom otimista e elogioso para falar dos ucranianos que “corajosamente” defendem o seu país — e, mesmo “partilhando as lágrimas” pelas vítimas, quis falar de futuro.
“Vejo que a vida está a voltar a Kiev. Estão a reconstruir as pontes, a limpar os destroços, há pessoas a voltar de fora, isto é um bom sinal”, explicou, focando-se na “plataforma de reconstrução” em que está a trabalhar agora com o governo ucraniano.
Ukraine, a solid parliamentary democracy, was already on a good track before Russia invaded.
This war is an enormous stress test.
And the whole country is stepping up.The same spirit is needed to reform and modernise the country.
And Europe is here to support you. pic.twitter.com/aGzqp5NNSN
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) June 11, 2022
“O que queremos fazer juntos é criar uma direção comum, ter um plano muito claro sobre como orquestrar esta reconstrução, com total transparência e responsabilidade para ajudar a Ucrânia a levantar-se das cinzas. Para apoiar a Ucrânia no seu caminho europeu, é tão importante ter a combinação de reformas e investimentos”, explicou. E considerou mesmo que o país “já estava no bom caminho antes da invasão atroz. É uma democracia parlamentar presidencialista sólida, com instituições robustas”.
“Compensa agora terem feito a reforma da descentralização, a administração está a funcionar a todos os níveis apesar da guerra e é resiliente, totalmente capaz de funcionar em circunstâncias incrivelmente difíceis. O país é incrivelmente digitalizado. Já temos acordo de associação e de comércio livre”, lembrou. É, ainda assim, preciso fazer mais pela solidez da Ucrânia enquanto estado de Direito e para garantir que tem as condições necessárias para se juntar à UE.
The @EU_Commission is preparing ⁰our recommendation for EU Member States.⁰⁰My discussions today with @ZelenskyyUa and @Denys_Shmyhal will enable us to finalise our assessment.⁰⁰The path is known.
I appreciate the efforts and determination of Ukraine in this process. pic.twitter.com/wBJmOJ2P5x
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) June 11, 2022
“O foco está em ultrapassar esta guerra horrível. Mas queremos olhar mais longe. Ainda há reformas a fazer para lutar contra a corrupção, pelo estado de Direito”, avisou.
A conversa com Zelensky, garantiu von der Leyen, serviu precisamente para acabar a avaliação que a Comissão Europeia está a preparar e na qual está a trabalhar “incansavelmente”, garantiu. A previsão tem sido que este primeiro parecer seja positivo mas indique a necessidade de algumas reformas, sobretudo para reforçar a luta contra a corrupção — depois disso, a 23 e 24 de junho, poderá ser mais complicada a cimeira em que os líderes europeus serão chamados a pronunciar-se sobre o assunto, uma vez que não há ainda consenso.
Portugal é, aliás, um dos países que têm sido, pelo menos, cautelosos na avaliação do processo — uma posição que “surpreendeu” a Ucrânia.
Já von der Leyen, que já se tinha mostrado otimista em relação ao processo, elogiou o empenho da Ucrânia: “O caminho é conhecido e tem base no mérito. Aprecio muito o enorme esforço da Ucrânia neste processo. As pessoas provaram ter uma força e motivação incríveis”.