Quase 20 portugueses terão sido mortos pelo exército russo na Ucrânia. A informação foi avançada pelo Ministério da Defesa russo. No entanto, depois de a notícia ter começado a circular na imprensa internacional, o site oficial deixou de estar acessível.Ministério dos Negócios Estrangeiros não têm conhecimento da morte de portugueses na Ucrânia.

“Há registo de 7 cidadãos nacionais que contactaram os serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros informando da sua deslocação para a Ucrânia a título de ‘combatente voluntário’. Não há registo de mortes”, respondeu o MNE, em resposta a uma pergunta do Observador.

Dada a situação vivida naquele país, o ministério de João Gomes Cravinho reitera que deverá ser evitada qualquer tipo de deslocação para a Ucrânia. “Os cidadãos que por qualquer motivo tenham, ainda assim, de o fazer deverão sinalizar a deslocação junto do Gabinete de Emergência Consular.”

Há “combatentes” portugueses na Ucrânia, mas Governo discorda deste procedimento

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Os 19 portugueses mortos fazem parte de um total bastante maior. O Exército da Rússia reivindicou ter “eliminado” quase 2.000 “mercenários estrangeiros” que estariam a lutar ao lado das tropas ucranianas. Segundo o comunicado disponibilizado no site, dos cerca de 7.000 combatentes estrangeiros na Ucrânia, 68 são de Portugal e continuam no terreno.

Além do texto, o Ministério da Defesa da Rússia divulgou uma tabela com o número de combatentes estrangeiros que, desde 24 de fevereiro, chegaram à Ucrânia. De Portugal, haveria 103 combatentes, dos quais 19 foram “eliminados”, e 16 já deixaram o país. Atualmente, o número total de portugueses que a Rússia reclama estarem a combater pelo lado ucraniano é de 68.

Veja aqui a tabela.

A 2 de junho, o Kremlin já tinha anunciado ter eliminado vários combatentes estrangeiros, mas sem precisar o número. “Centenas de mercenários estrangeiros na Ucrânia foram destruídos por armas de precisão de longo alcance da Rússia logo após sua chegada” ao país para serem treinados, lia-se, então, num comunicado do Ministério da Defesa russo. “A maioria dos mercenários foi destruída em zonas de combate devido ao seu baixo nível de trino e falta de experiência real de combate.”

Até ao momento, a Legião Estrangeira que opera na Ucrânia não tem conhecimento da morte de nenhum combatente português, disse ao Observador fonte ucraniana. No entanto, os combatentes de outros países não têm necessariamente de se juntar àquela equipa e muitos dos que são recusados por falta de experiência militar acabam por seguir para a linha da frente pelos seus próprios meios.

Os números mais recentes da Legião Estrangeira para a Defesa da Ucrânia, divulgados nesta semana, apontam para combatentes voluntários de 55 países diferentes. “Temos representantes de 55 países de todos os continentes, inclusive Brasil, Coreia do Sul, Austrália”, disse Damien Magrou, porta-voz da legião. A maioria são dos EUA e do Reino Unido, seguindo-se os polacos e os canadianos descendentes de ucranianos. Sem detalhar o número de combatentes, Magrou avançou que há muitos voluntários que chegam dos países bálticos e nórdicos.

Associação dos Ucranianos em Portugal recebeu cerca de 100 pedidos de informação

No início da guerra, depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia a 24 de fevereiro, a Associação dos Ucranianos em Portugal recebeu cerca de 100 pedidos de informação sobre o que fazer para combater em Kiev. No entanto, o presidente da AUP não tem como saber se as pessoas seguiram para a Ucrânia ou não.

“Recebemos muitos pedidos de informação de portugueses e de luso-ucranianos. Havia muita vontade de ir combater com os militares ucranianos”, diz Pavlo Sadokha ao Observador. Por não se considerarem competentes nesta matéria, todos os pedidos que chegaram à associação foram reencaminhados para a Embaixada da Ucrânia em Portugal.

“Não tenho como saber se foram para lá ou não, não temos nenhuma lista”, sublinha Sadokha.

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Mercenários de 64 países

Segundo os números do lado da Rússia, cerca de 7.000 “mercenários estrangeiros” de 64 países chegaram à Ucrânia desde o início do conflito. “As nossas listas, de 17 de junho, incluem mercenários e especialistas em armas de um total de 64 países. Desde o início da operação militar especial, 6.956 chegaram à Ucrânia, 1.956 já foram eliminados e 1.779 saíram” do país, lê-se no comunicado a que o Observador conseguiu ter acesso, antes de o site russo ficar indisponível.

O ministério acrescenta que a Polónia é o “líder absoluto” entre os países europeus em termos de combatentes (1.831) que chegaram à Ucrânia, seguido pela Roménia e Reino Unido. Esta declaração foi acompanhada por uma tabela do número de combatentes estrangeiros, classificando-os por nacionalidades na chegada à Ucrânia e as perdas registadas, segundo o Exército russo.

Maior parte dos que vão para a Ucrânia combater são rejeitados pela Legião Estrangeira, mas pegam em armas à mesma. Esta semana morreram 3

Desde o início da invasão de Moscovo na Ucrânia em 24 de fevereiro, milhares de voluntários estrangeiros, principalmente europeus, viajaram para este país para ajudar as forças em Kiev. A Rússia apresenta esses combatentes como “mercenários”, um termo pejorativo que sugere que estes são motivados pelo dinheiro. Os separatistas pró-Rússia condenaram três destes combatentes à morte, dois britânicos e um marroquino.

Por seu lado, a Ucrânia e os seus aliados ocidentais sublinham que se há mercenários, estes estão do lado russo, em particular elementos do grupo Wagner, cujos integrantes foram deslocados da Síria para a Líbia, via Mali.

Notícia atualizada às 18h17 com a resposta do Ministério dos Negócios Estrangeiros e às 19h27 com as declarações de Pavlo Sadokha