Um dinamarquês de 25 anos, cuja identidade não foi ainda divulgada, morreu na passada terça-feira em combate em Mykolaiv, no sul da Ucrânia. Três dias depois, foi divulgada a morte de Scott Sibley, um veterano do exército britânico, de 36 anos, que foi o primeiro combatente daquele país a perder a vida na linha da frente ucraniana. No mesmo dia, soube-se ainda que Willy Joseph Cancel Jr., um ex-fuzileiro americano, do Estado do Kentucky, tinha também sido vitimado pelas forças russas, enquanto combatia ao lado das tropas de Volodymyr Zelensky.

“As forças armadas prestam homenagem ao sacrifício dos heróis estrangeiros que vieram para proteger o povo ucraniano desta invasão bárbara mas também para defender a liberdade e a democracia em todo o lado”, lamentou a Legião Estrangeira, criada pelo Presidente ucraniano apenas três dias depois da invasão russa, em comunicado, depois de o Ministério da Defesa de Kiev ter confirmado, na sexta-feira, as três mortes.

Em entrevista ao New York Times, sem precisar se estes três combatentes pertenciam ou não à força especial, Damien Magrou, o advogado norueguês que é porta-voz da Legião Estrangeira, alertou para a presença na Ucrânia de combatentes estrangeiros sem qualquer experiência em cenários de guerra e que inclusivamente terão sido recusados pela unidade que congrega estes voluntários.

Segundo Magrou, depois de num primeiro momento ter sido menos seletiva, a Legião Estrangeira passou a aceitar apenas os voluntários que comprovem já ter combatido antes — o que significa que a “maioria” dos que chegam ao país com esse intuito são rejeitados. “Dizemos-lhes que há um autocarro de regresso à Polónia, e que o melhor que podem fazer é arranjar um lugar nele.” Problema: em vez de seguirem o conselho, grande parte destes homens continuam viagem para a frente de combate, integrando outras unidades do exército ucraniano.

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Questionado pelo New York Times, o governo de Kiev não revelou quantos combatentes estrangeiros estão neste momento a lutar pelo país, ainda assim, estima-se que sejam vários milhares — incluindo portugueses.

Esta guerra é difícil até para quem tem experiência em combate, ressalvou ao mesmo jornal Malcom Nance, o veterano da Marinha norte-americana que em março surpreendeu ao abandonar o lugar que tinha na MSNBC como comentador especialista em temas de terrorismo para se alistar na Legião Estrangeira ucraniana. “Agora nós é que somos caçados”, disse, comparando este conflito com a experiência das tropas dos EUA no Iraque. “E o que está ali para te mastigar é um exército completo e armado combinado com uma enorme máquina de artilharia.”

Dominick Henry, um empresário de Nova Iorque que também esteve recentemente como voluntário na Ucrânia, mas a prestar apoio logístico, não descreveu um cenário diferente: “Normalmente quando os americanos vão combater têm apoio aéreo, têm tudo. Desta vez é o oposto”, disse. “Eles vêm pela glória e pela honra. Acham que isso lhes dará uma vantagem na vida. É um preço pesado a pagar.”