Mais de 30 voos de e para o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, já foram cancelados esta segunda-feira, a maior parte da TAP, depois de um fim de semana que já foi caraterizado por vários constrangimentos.

Segundo um levantamento feito pelo Observador com base na informação que consta no site da ANA Aeroportos, que gere os aeroportos de Portugal, pelas 11 da manhã tinham sido cancelados 17 voos que deveriam chegar a Lisboa esta segunda-feira e outros 15 que deveriam sair do aeroporto durante o dia.

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Estão em causa voos de diversas companhias desde a TAP — a que concentra a maior parte dos cancelamentos (sete com chegada a Lisboa e outros sete com partida da capital) —, a EasyJet, a Beijing Capital, a British Airways, a SAS Scandinavian, a Privilege Style, a Skyup, a Transavia ou a Privilege Style, entre outras. O Observador questionou a TAP sobre os motivos para os cancelamentos e aguarda resposta. A companhia aérea é a que tem mais slots (faixas horárias) no aeroporto de Lisboa.

Já à Rádio Observador, fonte da ANA Aeroportos indicou, pelas 12h50, que estavam previstos para esta segunda-feira 29 cancelamentos de voos no aeroporto de Lisboa: 15 chegadas e 14 partidas.

Este fim de semana vários voos foram cancelados no aeroporto da capital. Segundo a ANA, no sábado foram cancelados 65 voos (40 chegadas e 25 partidas) “devido a um conjunto de constrangimentos em vários aeroportos europeus”. Muitos dos voos cancelados em Portugal foram da TAP.

TAP reconhece falhas e antecipa: situação nos aeroportos “não deverá melhorar nas próximas semanas”

Numa mensagem publicada no Facebook da TAP, assinada pela CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, a companhia aérea admite que “este fim de semana não foi fácil para a TAP devido a constrangimentos vários” e reconhece que não está a “oferecer o serviço de excelência” que planeou face à “crise que o transporte aéreo atravessa” — uma situação que “de acordo com as previsões mais recentes, não deverá melhorar nas próximas semanas, fruto do aumento regular das viagens”.

Christine Ourmières-Widener pede desculpa pelos constrangimentos. “Garantimos que a TAP e todas as nossas equipas estão empenhadas em minimizar ao máximo todo e qualquer inconveniente que possa surgir durante a vossa viagem connosco. Apresentamos-vos as nossas mais sinceras desculpas (…)”, lê-se.

No domingo, a companhia aérea justificou as falhas de serviço com um incidente com um jacto privado que levou ao encerramento da pista no aeroporto, na sexta-feira, o que afetou muitos voos. “A pista no aeroporto de Lisboa não esteve operacional durante algumas horas na sexta-feira, 1 de Julho, à tarde, devido a um incidente com um jacto privado. Em consequência, muitos voos da TAP foram afetados e divergiram para outros aeroportos”, disse, na altura, fonte da TAP à Lusa.

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Como o Observador já explicou, este verão será marcado por vários constrangimentos nos aeroportos europeus, desde greves, a dificuldades na contratação de trabalhadores ou a elevada procura. Os problemas já levaram, aliás, aeroportos europeus a reduzir a oferta prevista. E, por exemplo, a Easyjet cancelou milhares de voos preventivamente.

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À Lusa, a ANA já sublinhou que o “aeroporto de Lisboa implementou medidas para apoiar as companhias aéreas, nomeadamente a instalação de balcões móveis suplementares na área de transferências para reagendamento de voos”. Foram também, garantiu, reforçadas equipas de apoio aos passageiros e distribuição de águas.

Marcelo fala em “problema complicadíssimo” nos aeroportos europeus

Em declarações no Brasil, transmitidas pela RTP3, Marcelo Rebelo de Sousa refere que se vive um “problema complicadíssimo de facto no funcionamento dos aeroportos”, que não é um exclusivo de Portugal.

“Não me admira, isto não serve de desculpa para não estarmos preocupados com o que possa acontecer em Portugal, mas infelizmente depois da pandemia as entidades gestoras dos aeroportos ainda não conseguiram encontrar uma recuperação, mesmo em termos de funcionamento de pessoal, para o ritmo de subida que está a existir um pouco por toda a Europa e por todo o mundo”, disse o Presidente da República.

Associação de Defesa do Consumidor pede intervenção da ANAC e das Infraestruturas

A DECO – Associação de Defesa do Consumidor teceu comentários esta segunda-feira sobre a situação que vivida nos aeroportos portugueses. Em comunicado, citado pela CNN Portugal, a DECO “considera lamentável mais um episódio de cancelamento de voos, maioritariamente operados pela TAP, marcado pela ausência de assistência apropriada aos passageiros, e que determinou largas horas de espera no aeroporto e até que muitos passageiros pernoitassem no aeroporto”.

Neste comunicado, é referido que “de acordo com o que tem sido divulgado na comunicação social”, vários passageiros não tenham “recebido informação e assistência adequada, tendo inclusivamente alguns passageiros pernoitado no próprio aeroporto”.

Perante esse cenário, a associação”denunciou a situação à Autoridade Nacional de Aviação Civil [ANAC] com vista à adoção de medidas no âmbito das suas competências e, manifestou, ainda, um conjunto de preocupações junto do Ministério das Infraestruturas e da Habitação, salientando a necessidade de serem, em definitivo, implementados planos de contingência que deem resposta a situações de cancelamentos massivos, respeitando os direitos dos consumidores”.

Artigo atualizado com declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e comunicado da DECO.