Um aliado de longa data da família política dos Rajapaksa foi nomeado esta sexta-feira primeiro-ministro do Sri Lanka, horas depois das forças de segurança terem desmantelado o principal local dos protestos antigovernamentais dos últimos meses.

O novo Presidente Ranil Wickremesinghe, que foi eleito pelo parlamento e tomou posse esta semana, nomeou o colega de escola Dinesh Gunawardena como primeiro-ministro, cargo que desempenhou até à semana passada.

Gunawardena tem 73 anos e pertence a uma proeminente família política.

Manifestantes têm saído à rua no Sri Lanka durante mais de 100 dias para exigir a demissão da liderança do país, na sequência de uma crise económica que deixou 22 milhões de habitantes com acesso reduzido a bens essenciais, incluindo medicação, alimentos e combustível.

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Os protestos forçaram o ex-presidente Gotabaya Rajapaksa a demitir-se e a fugir do país, refugiando-se em Singapura, tendo ainda vários elementos da família abandonado cargos ministeriais.

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A nomeação do novo primeiro-ministro realizou-se horas depois das forças de segurança terem desmantelado o principal local dos protestos antigovernamentais dos últimos meses.

Durante a operação, a polícia efetuou várias detenções e, de acordo com a agência de notícias Associated Press, pelo menos dois jornalistas e dois advogados foram espancados.

A Ordem dos Advogados do Sri Lanka já veio apelar à suspensão das “ações injustificadas e desproporcionadas” contra civis.

O Sri Lanka, que entrou em incumprimento em abril com uma dívida externa de 51 mil milhões de dólares (50 mil milhões de euros, não tem moeda estrangeira para financiar as importações essenciais e conta agora com um pacote de resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Uma grande parte do empréstimo é devida aos detentores de obrigações soberanas internacionais, mas a China continua a ser o maior credor estrangeiro do Sri Lanka, detendo mais de 10% da dívida.