Tem apenas 31 anos e há já três que tem nas mãos a pasta do digital no governo ucraniano. Mykhailo Fedorov, o ministro da Transformação Digital da Ucrânia, refere que o futuro do país está assente num projeto recente, do exército de drones, e ainda nas mãos de 300 mil hackers. Afinal, também a guerra entre a Rússia e a Ucrânia é travada no mundo digital.

Ao longo dos meses de conflito, O ministro tem dado várias entrevistas. Uma das mais recentes foi concedida ao jornal espanhol El Mundo, onde Fedorov detalhou o papel que a tecnologia está a ter no conflito e que futuro é que vê para um país mais digital no pós-guerra.

Fedorov é ainda um dos quatro vice-primeiro-ministros da Ucrânia, além de titular da pasta da Transformação Digital. No terceiro ano com esta tutela viu eclodir uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

No início de julho, este ministro lançou um projeto chamado “Army of drones” – exército de drones, na tradução para português. “Experimentámos todos os nossos drones e fizemos um reconhecimento das necessidades do exército em todas as frentes de defesa. O objetivo era calcular quantos drones kamikaze, de reconhecimento ou de ataque é que precisamos agora”, contou ao El Mundo. “E agora estamos a recolher fundos para comprar os drones de que o exército precisa.”

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“Já recolhemos fundos suficientes para assinar contratos, fazer algumas compras, organizar reparações e pôr em marcha uma escola de formação de pilotos”, garantiu durante a entrevista ao El Mundo.

A recolha de fundos começou no início deste mês. No Twitter, o ministro ucraniano tem partilhado o valor que tem sido recolhido para o projeto do exército de drones. A 18 de julho, uma publicação nesta rede social indicava que já tinham sido angariados mais de 510 milhões de grívnias ucranianas, o equivalente a 13,6 milhões de euros. O montante terá permitido comprar “60 novos drones matrice”, indicava o ministro, referindo que, em simultâneo, estavam a “decorrer negociações com fabricantes dos Estados Unidos, Alemanha, Portugal, Israel e Japão”.

Além da criação do exército de drones, Fedorov também tem desenvolvido esforços para recrutar um ciber-exército de hackers. “Há milhões de especialistas voluntários que trabalham para nós contra o inimigo. O uso da tecnologia faz parte de uma nova estratégia militar.” O ministro relatou que existem 300 mil voluntários deste tipo, preparados para responder aos ataques informáticos da Rússia.

No futuro, imagina a Ucrânia como um “país com grande potencial”, “sem papéis ou dinheiro físico, com uma educação e um governo digitalizado, com serviços 100% online”. Além disso, abre ainda a porta ao 5G no país, a quinta geração de redes móveis.

O jovem ministro também já terá planos de carreira para o pós-guerra – embora não revele muitos detalhes sobre o plano. “Só dou uma pista: vai estar ligado a inteligência artificial e à minha ideia de como viverão as pessoas no futuro.”

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