A ilha de Taiwan iniciou esta segunda-feira os seus mais importantes exercícios militares do ano, numa altura em que a invasão russa da Ucrânia faz crescer os receios de uma intervenção de Pequim contra Taipé.

Este ano, as manobras “Han Kuang” (“Glória de Han”), com uma duração de cinco dias, terão como base os exemplos fornecidos pelo conflito em curso no leste da Europa e vão simular “todas as ações possíveis” que a República Popular da China pode eventualmente levar a cabo contra Taiwan, de acordo com o Ministério da Defesa de Taipé.

A China reivindica Taiwan como uma província separatista a ser reunificada pela força, caso seja necessário, e opõe-se a qualquer atividade da ilha enquanto entidade política independente.

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Esta segunda-feira, durante um exercício que visava manobras para impedir um potencial inimigo de aceder à capital Taipé, reservistas armados com metralhadoras correram para trincheiras escavadas debaixo de uma ponte antes de se colocarem em posições de tiro.

“Os abrigos subterrâneos e os postos avançados permitem cobertura às próprias tropas e responder às forças do inimigo”, disse Su Tzu-yun, especialista militar do Instituto de Investigação e Defesa e da Segurança Nacional de Taiwan, citado pelas agências internacionais.

“Eles fazem parte da guerra urbana na Ucrânia”, disse o perito.

Os mísseis terra-ar Stinger (fabrico norte-americano), eficazes contra helicópteros e aviões que voam a baixa altitude, foram igualmente enviados para algumas posições da região norte da ilha de Taiwan, segundo acrescentou o especialista.

Estes mísseis têm sido utilizados pelas forças ucranianas contra o exército de Moscovo.

Também esta segunda-feira as ruas de várias cidades do norte do país foram esvaziadas durante um período de meia hora como parte de um exercício civil que simulava um ataque aéreo.

Peões e carros foram proibidos de circular nas ruas após o soar de sirenes de alerta e do envio de mensagens escritas através de telemóveis que advertiam para um potencial ataque com mísseis.

As relações entre Taipé e Pequim estão mais tensas desde a eleição da atual chefe de Estado do território, Tsai Ing-wen, em 2016, que considera a ilha um Estado soberano e que não faz parte da China.

A atual administração dos Estados Unidos, liderada por Joe Biden, declarou recentemente que a República Popular da China “parece estar determinada” em usar a força no Estreito da Formosa, apesar de considerar que não é a altura de “invadir”.

Em 2021, Taiwan registou 969 incursões de aviões de guerra de Pequim na Zona de Defesa Aérea (Adiz), de acordo com dados recolhidos pela agência AFP.

No ano em curso, ocorreram mais de 600 incursões do mesmo tipo.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas.

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