O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, defendeu esta terça-feira a sua reunião com um oligarca russo, antigo membro do KGB, dizendo que “tanto quanto” se lembra não discutiu assuntos governamentais quando estiveram juntos em 2018.
Johnson, que deixou de liderar o Partido Conservador, a 7 de julho, depois de vários escândalos éticos ao longo de meses, está a enfrentar questões sobre a sua relação com Evgeny Lebedev, natural da Federação Russa e proprietário de jornais, e o seu pai, Alexander. Este, empresário e do tempo da Guerra Fria, foi agente da KGB e foi sancionado agora pelo Canadá pelo seu papel na facilitação da invasão da Ucrânia pela tropa russa.
Em abril de 2018, Boris Johnson foi a uma festa na mansão italiana de Evgeny Lebedev, a qual contou também com a presença de Alexander Lebedev. Johnson, que era então o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, participou sem a companhia de qualquer outro membro do governo britânico.
O evento decorreu durante o regresso de Boris Johnson de uma reunião da NATO e semanas depois de um antigo espião russo, Sergei l, e a sua filha, Yulia, terem sido envenenados com o agente químico Novichok na cidade inglesa de Salisbury. Um agente da polícia e dois residentes locais ficaram doentes, com um destes, Dawn Sturgess, a morrer mesmo.
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O Reino Unido responsabilizou o serviço de informações militares russo GRU pelo ataque de Salisbury, o que o Kremlin recusou.
Boris Johnson disse a uma comissão de parlamentares seniores que o seu encontro com Alexander Lebedev “não foi uma reunião formal, nem nada que tivesse sido combinado”. Acrescentou que era normal que o chefe da diplomacia britânica participasse em “situações sociais, privadas”, sem colaboradores ou segurança própria.
Em uma carta divulgada pelo comité de ligação parlamentar, disse: “Tanto quanto me lembro, não foram discutidos assuntos governamentais” na festa.
Angela Rayner, vice-líder do oposicionista Partido Trabalhista, disse que “a declaração (de Boris Johnson) levanta mais questões do que as que responde”.
Salientou que Johnson “aparentemente continua a não ser capaz de se lembrar se fala dos assuntos governamentais ou não. Esta carta sugere que o primeiro-ministro tem alguma coisa a esconder”.
Evgeny Lebedev é proprietário dos jornais britânicos Evening Standard e Independent. Em 2020 recebeu um título de lorde britânico – Lord Lebedev da Sibéria — e um lugar na Câmara dos Lordes do governo de Boris Johnson. A comunicação social reportou que os serviços de informação britânicos tinham expressado a sua preocupação com a decisão de Boris Johnson.
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Desde que a Federação Russa invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro, que o governo de Boris Johnson tem sancionado centenas de russos ricos e reprimido a lavagem de dinheiro russo, através dos mercados financeiro e imobiliário britânico.
A oposição política e ativistas anticorrupção têm criticado Johnson, por ter permitido, ao longo de anos, a lavagem de dinheiro sujo através de propriedades, bancos e empresas no Reino Unido, o que transformou Londres numa “lavandaria” de dinheiro com origem criminosa.