Está cumprida a reviravolta, mas não foi protagonizada pelo autor do embaraço. Depois de ter dado a cara pela rejeição de uma proposta do executivo municipal, o líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal Luís Newton não esteve presente na sessão desta tarde onde o PSD aprovou, finalmente, a proposta da SRU feita pela autarquia. Vice-presidente Anacoreta Correia aproveitou o irritante para anunciar que o executivo está a fazer uma auditoria à empresa responsável pela reabilitação urbana.

Com uma admissão da votação difícil — e empurrada no início da reunião desta tarde para último ponto da ordem de trabalhos–, coube a Carlos Reis defender a honra do PSD/Lisboa e apelar “à maioria favorável” para que a proposta fosse aprovada pela Assembleia.

Com garantias de que “não há qualquer problema entre o PSD e o presidente da Câmara Carlos Moedas”, referindo que “cada dia que passa é um desmentido integral” dessa desafinação, diz Carlos Reis que “o PSD subordina a história, o passado, ao interesse do sucesso de cumprimento do programa dos Novos Tempos e deste mandato.”

“As questões internas do PSD não são as questões de Lisboa, não nos confundimos com Estado, com a cidade ou com a comunidade. Somos um veículo de transformação da sociedade, ao contrário de outros que confundem”, disse ainda o deputado municipal.

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O Partido Socialista aproveitou para capitalizar e chamar a si o distintivo de “força viabilizadora”, tentando deixar o rótulo de “força de bloqueio” entregue por Carlos Moedas no fundo da gaveta.

“O PS sabe o que tem de fazer, os compromissos assumidos pela SRU são maiores que qualquer querela partidária. Há duas semanas fomos apelidados de força de bloqueio, mas viabilizámos a mesma proposta na semana passada”, disse o deputado socialista Miguel Lage: “Só não podemos ser nós a votar favoravelmente as propostas do vosso executivo.”

“Não deixaremos que Lisboa continue parada, mas não passaremos cheques em branco, apesar de continuarmos sem perceber porque é que agora votam favoravelmente”, disse o deputado deixando em evidência uma vez mais a reviravolta protagonizada pelos deputados municipais do PSD.

O vice-presidente Anacoreta Correia, que anunciou que a Câmara Municipal está a fazer uma auditoria interna à SRU, mostrou “gratidão” aos deputados municipais, depois da turbulência dos últimos dias, garantindo que o executivo se mantém fiel ao interesse da cidade: “Enquanto executivo, não saímos do lugar onde estamos. Ao lado do país, ao lado da cidade. Não recuamos diante desse interesse, continuaremos no nesse registo e empenho à cidade”.

“O que temos demonstrado é que estamos totalmente disponíveis para prestar contas e informações aos deputados”, afirmou Anacoreta Correia.

Na ronda de intervenções, Isabel Mendes Lopes, do Livre, insistiu no esclarecimento sobre a mudança na posição do PSD: “O que mudou no PSD Lisboa da semana passada para esta? Dado que a proposta é praticamente igual o que é que mudou? Algo mudou e não foi a proposta”, disse a deputada.

Já Angelique da Teresa, da Iniciativa Liberal, apelou ao “esvaziamento da SRU”, para que possa ser “extinta quando não tiver mais obras sob a sua chancela”.

Pelo Chega Bruno Mascarenhas pediu ao “PS que tanto defendeu a SRU que viabilize” e o “PSD que faz um flic-flac que assuma as suas responsabilidades”.

Os deputados independentes, Miguel Graça e Daniela Serralha, eleitos pelos Cidadãos por Lisboa foram contra a inclusão da votação na ordem de trabalhos desta Assembleia Municipal, sustentando que se a proposta é “muito parecida com a anterior, então já foi rejeitada” e que, caso seja uma “proposta nova, então tem de fazer o devido percurso regimental”: “Só desta forma se pode aceitar a transparência do processo, independentemente da pirueta feita pelo PSD nesta assembleia”.