A presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, confirmou este domingo que está a caminho da Ásia, mas sem mencionar uma eventual paragem em Taiwan, situação que poderia aumentar as tensões já existentes entre Washington e Pequim.
“Estou a liderar uma delegação do Congresso na região Indo-Pacífico para reafirmar o compromisso inabalável da América com os nossos aliados e amigos na região”, disse a política democrata e líder da câmara baixa do Congresso norte-americano, num comunicado.
“Em Singapura, Malásia, Coreia do Sul e Japão, iremos realizar reuniões de alto nível para discutir como podemos promover os nossos valores e interesses comuns, incluindo a paz e a segurança, o crescimento económico e o comércio, a pandemia de Covid-19, a crise climática, os direitos humanos e a governação democrática”, acrescentou Pelosi, a terceira figura na hierarquia política dos Estados Unidos.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Singapura confirmou que Nancy Pelosi e a respetiva delegação estarão na cidade-estado na segunda e terça-feira.
No comunicado emitido pelo gabinete da líder da Câmara dos Representantes, uma possível deslocação de Pelosi a Taiwan não é mencionada, nem é desmentida.
O clima de tensão entre os Estados Unidos e a China aumentou ao longo das últimas semanas devido a informações que davam conta que Pelosi iria deslocar-se a Taiwan, território que Pequim reivindica como uma província separatista.
Na quinta-feira passada, durante uma conversa telefónica de mais de duas horas com o seu homólogo norte-americano Joe Biden, o Presidente da China, Xi Jinping, terá avisado o líder da Casa Branca para não “brincar com o fogo” em relação a Taiwan.
Nas últimas semanas, o Governo chinês tem vindo a alertar que responderá com “medidas fortes” caso a visita de Pelosi a Taiwan — que Pequim vê como uma provocação – se concretizar.
Este domingo, um porta-voz da Força Aérea chinesa, Shen Jinke, reiterou esta posição, afirmando que a defesa do território chinês era uma “missão sagrada” do exército.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, depois da derrota na guerra civil frente aos comunistas. A China reivindica Taiwan como uma província separatista a ser reunificada pela força, caso seja necessário, e opõe-se a qualquer atividade da ilha enquanto entidade política independente.
As relações entre Taipé e Pequim estão mais tensas desde a eleição da atual chefe de Estado do território, Tsai Ing-wen, em 2016, que considera a ilha um Estado soberano e que não faz parte da China. Apesar deste diferendo, Taipé e Pequim estão ligados por fortes relações comerciais e de investimento.