Os supermercados espanhóis estão a limitar o número de embalagens de gelo que vendem por cliente, atendendo à escassez deste produto por causa da maior procura devido ao calor e à menor produção provocada pelos preços da eletricidade.
O racionamento na venda de gelo — e o desaparecimento do produto de supermercados e gasolineiras — chegou quando se esgotaram as reservas do produto, resultado de uma tempestade perfeita em que se juntaram o aumento dos preços da eletricidade e as ondas de calor que afetam Espanha desde junho, segundo os empresários.
A produção de gelo, com vista a responder à habitual procura de verão, começa a fazer-se nos meses iniciais do ano, mas em 2021, o aumento do preço da eletricidade gerou custos de fabrico e armazenamento que levaram a parar as fábricas.
Não houve estabilização de custos “para poder vender o gelo a um preço de mercado habitual, as fábricas pararam a produção e é agora, no verão, que se está notar” e “a previsão é que em agosto não haja gelo”, explicou o dono da empresa Tele Hielo, Sergio del Moral, ao portal de notícias “20 Minutos”.
À pouca oferta uniu-se uma procura de gelo no início do verão que os supermercados espanhóis situam em mais 30% do que o habitual.
O empresário Manuel Bustos, proprietário da HICOSOL, o maior produtor de gelo de Espanha, lembrou na televisão pública espanhola (RTVE) que a procura de gelo arrancou este ano mais cedo, por causa “da onda de calor quase contínua desde maio”.
O aumento da procura “é brutal” este ano e não há capacidade de produção para responder a este incremento, sobretudo, ao que tem origem no setor da hotelaria, disse ainda Manuel Bustos.
O empresário referiu um outro problema que enfrenta a indústria do gelo, e que acontece noutros setores, o da falta de mão-de-obra.
Segundo o empresário, a HICOSOL poderia estar a produzir mais 33% se conseguisse contratar o número de pessoas de que precisa para o pleno funcionamento.
A inflação em Espanha foi de 10,8% em julho, o valor mais alto em 38 anos, desde setembro de 1984, segundo uma estimativa do instituto nacional de estatística (INE) espanhol.
“Esta evolução deve-se, principalmente, à subida dos preços dos alimentos e bebidas não alcoólicas e da eletricidade”, segundo o instituto espanhol.