O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, lamentou esta sexta-feira a morte do humorista, apresentador e escritor Jô Soares, que reconheceu como “grande personalidade brasileira independentemente de preferências ideológicas”, numa série de mensagem nas redes sociais.

Independentemente de preferências ideológicas, Jô Soares foi uma grande personalidade brasileira que conquistou a todos com seu modo cómico de discutir assuntos profundos. Que Deus conforte a família e o acolha com a cordialidade que o próprio Jô recebia a todos”, escreveu o Presidente brasileiro no Twitter.

“Jô sempre fez bom uso do seu direito de livre expressão. Por muitas vezes teceu duras críticas contra mim, inclusive. Mas foi por viver num país livre, não em um regime autoritário, que ele pode exercê-lo integralmente. Essa é a beleza da democracia.”, acrescentou.

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O chefe de Estado brasileiro também frisou: “No fim das contas, as divergências pouca diferença fazem na hora de nossa partida para perto de Deus. O que fica são as nossas obras, e Jô Soares deixa para o Brasil um exemplo de postura, elegância e bom humor, e, por isso, tem o meu respeito.”

Desde o início do Governo Bolsonaro, Jô Soares, que morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 84 anos, num hospital em São Paulo, escreveu uma série de cartas abertas endereçadas ao governante que foram publicadas no Jornal Folha de S.Paulo, em que explicava conceitos e fazia ironias sobre o governante.

Morreu o humorista e apresentador brasileiro Jô Soares. Tinha 84 anos

Numa delas, que o jornal republicou esta sexta-feira, o humorista e escritor explicava a Bolsonaro o conceito de nazismo, corrente e extrema-direita, que ele erroneamente associa às esquerdas.

Jô Soares também ironizou as declarações do governante em defesa de remédios ineficazes contra a covid-19, como a hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina, numa carta aberta publicada em novembro de 2020.

Além das condolências e da mensagem emitida pelo atual Presidente brasileiro, outras personalidades como a ex-presidente Dilma Rousseff também publicaram mensagens lamentando a morte do humorista e escritor cuja morte está entre os assuntos mais comentados do país.

Quando eu estava sob intenso ataque da ‘media’ e dos adversários políticos, pouco antes do processo de ‘impeachment’ [destituição], em abril de 2016, ele abriu seu programa para me entrevistar”, lembrou Dilma Rousseff em mensagem nas redes sociais.

“Foi uma conversa respeitosa e muito importante. Jô foi a única voz dentro da Globo disposta a me ouvir naquele momento. E disso eu não me esqueço. Ele foi um democrata e era um artista de princípios”, acrescentou a ex-presidente.

Após a entrevista com Dilma Rousseff, deposta oficialmente pelo Congresso brasileiro em agosto de 2016, Jô Soares recebeu várias críticas e até mesmo ameaças de morte. Ele deixou a televisão no mesmo ano, quando seu programa na TV Globo foi encerrado.