O projecto da Lucid Motors, uma startup que concebeu o Air, um dos melhores veículos eléctricos do mercado – luxuoso e simultaneamente potente (1080 cv) e com uma autonomia recorde (832 km) –, tem tudo para se tornar numa referência do mercado. Mas o jovem construtor não está a conseguir fabricá-lo ao ritmo pretendido. O que é tão mais grave quanto o facto de o seu CEO, o ex-Tesla Peter Rawlinson, ter sido particularmente ousado nas palavras para atrair investidores, avançando com promessas e críticas à concorrência quando ainda não tinha carro para mostrar, nem fábrica para o produzir.

Os poucos Lucid produzidos já demonstraram o seu potencial, com comentários muito favoráveis dos seus proprietários, uma vez que algumas unidades já estão na posse dos primeiros que encomendaram a berlina norte-americana com mais de 5 metros de comprimento. O problema tem estado ao nível da capacidade de produção, que a Lucid Motors estimou em 400.000 unidades/ano quando atingisse a velocidade de cruzeiro, provavelmente em 2023. Sucede que este valor foi reduzido em Abril para apenas 12.000 a 14.000 unidades em 2022, depois do fabricante ter enfrentado casos de incêndios das baterias na fábrica e se ver obrigado a encomendar peças através da Amazon para terminar os 300 Air que conseguiu produzir nos primeiros dois meses de 2022, depois de ter apenas fabricado 125 unidades no final de 2021.

Lucid encomenda peças à Amazon para terminar o Air

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Depois deste tremendo corte na meta para o primeiro ano completo de fabricação, a Lucid anunciou agora os resultados do primeiro semestre de 2022. Além de admitir as dificuldades que enfrenta na fábrica, a empresa liderada por Peter Rawlinson viu-se obrigada a reduzir em 50% os objectivos de produção, que assim caem de 12.000 a 14.000 unidades para apenas 6000 a 7000 veículos até Dezembro deste ano. O que é pena, uma vez que o Air confirmou o seu potencial ao tornar-se no carro eléctrico de série mais rápido na subida de Goodwood.

Lucid bate recorde dos carros de série em Goodwood

Perante notícias deste calibre, a cotação da marca em bolsa não tardou a ressentir-se. As acções caíram para já 10%, mas a descida pode não ficar por aqui. Quem também caiu no ritmo dos ataques à concorrência foi Peter Rawlinson, aparentemente mais concentrado em resolver os problemas de juventude que a Lucid Motors enfrenta. E apesar dos problemas na produção, Rawlinson não teve problemas em ser premiado em 263 milhões de dólares antes das acções cairem 67%.