Melhor início tinha sido impossível. Pela conquista da Supertaça? Também mas não só. Porque neste tipo de encontros mais equilibrados com adversários do mesmo patamar a equipa está a entrar numa espiral de vitórias que se vão sucedendo mesmo quando chegam no desempate por grandes penalidades (como a Taça de Inglaterra e a Taça da Liga da última época). Porque quando é preciso mexer existe uma profundidade de opções de qualidade maior do que os outros. Porque o próprio Darwin Núñez, a grande contratação da temporada, voltou a mostrar que aqueles quatro golos com o RB Leipzig não foram obra do acaso. Porque Luis Díaz assume-se cada vez mais como figura. E agora começava a maratona Premier League.

Rúben Dias e uma Supertaça entregue ao Liverpool de mão beijada (ou como o City perdeu o primeiro troféu da época)

“Todos estão ansiosos com o início da prova e os nossos pensamentos não são diferentes, sendo que nunca sabemos o que pode acontecer. Existem grandes expetativas, sonhos, todo esse tipo de coisas… A partir de agora podemos ter um pouco mais de influência porque tudo o que fizemos até agora foi bom mas os reais testes aparecem agora”, comentara Jürgen Klopp, um técnico que tem sempre algo mais a acrescentar e que desta vez comparou a densidade competitiva com as mudanças climáticas: “Quando começo a falar nisso fico logo enervado. É como em relação ao clima, todos sabemos que temos de mudar mas depois é tudo ‘Então mas o que temos de fazer?’. Estou nesse ponto. O problema são os jogadores que vão fazer o Mundial. Toda a gente percebe que está mal, dizem que é preciso mudar e algo tem mesmo de mudar”.

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Sobre o primeiro encontro fora frente ao recém promovido Fulham de Marco Silva que iria dar a estreia na Premier League a João Palhinha, o alemão deixou muitos elogios aos londrinos. “É como o Southampton no passado. Estiveram muito bem no ano passado. Conheci o Marco numa reunião de técnicos que houve em Londres e tenho grandes respeito por ele, ser promovido a tentar jogar futebol é das coisas mais difíceis no Championship. Jogam como uma equipa, com posse e essas coisas de quem gosta de jogar”, destacara, entre as confirmações das lesões de Jota, Konaté, Oxlade-Chamberlain, Tsimikas e Kelleher.

Das palavras aos atos, o Fulham entrou muito melhor do que o Liverpool no jogo, tendo logo um remate inicial de Mitrovic ao lado no primeiro minuto após um passe errado de Alexander-Arnold. Salah ainda deixou uma ameaça depois dos 20′ mas eram os londrinos não só a condicionar a saída e construção dos vice-campeões nacionais e europeus mas também a conseguir chegar com perigo à baliza de Allison até com a meia distância de Palhinha, que viu uma tentativa de fora bater em Matip e sair para canto (26′).

Era quase um ato de coragem a forma como Marco Silva montou a equipa para defrontar o Fulham, pelo risco assumido de pressionar alto e pela capacidade de jogar com bola dando largura ao seu jogo. Assim, o golo inicial acabou quase por surgir como prémio para essa predisposição, em mais uma grande jogada coletiva: Neeskens Kebano recebeu um passe na diagonal do meio-campo após recuperação de bola, Kenny Tete fez o movimento de subida pelas costas, cruzou largo ao segundo poste e Mitrovic, o avançado sérvio que na última temporada pulverizou recordes com 43 golos, encostou de cabeça para o 1-0 (32′). Os reds ainda podiam também ter marcado num lance individual de Luis Díaz da esquerda para o meio que acabou com um remate ao poste (38′) mas o Fulham chegaria mesmo na frente ao intervalo.

A primeira parte não tinha corrido bem ao Liverpool, a segunda foi ainda pior com a lesão de Thiago logo a abrir que fez com que Jürgen Klopp lançasse na partida não só Harvey Elliott mas também Darwin Núñez no lugar do apagado Firmino (51′). E foi mais uma vez o Fulham a criar mais perigo, com Neeskens Kebano a receber descaído sobre a direita após mais uma grande circulação de bola para acertar no poste (57′). Os visitantes tinham de mudar algo de forma radical para reentrarem no encontro e foi a tentativa de partir mais o jogo que colocou Darwin a desviar de calcanhar para defesa de Marek Rodák (62′). Não foi aí, foi pouco depois e também de calcanhar, de novo após assistência de Salah (65′). E ainda ameaçou mesmo a reviravolta dois minutos depois, com um corte in extremis da defesa dos londrinos perto da linha.

O encontro tinha virado por completo, com o Liverpool em cima do Fulham em busca do segundo golo até tudo voltar ao que era no primeiro tempo: Mitrovic enfrentou Vand Dijk no 1×1, conseguiu a mudança de velocidade à última, sofreu falta do neerlandês na área e transformou a grande penalidade para o 2-1 (72′). Jogo acabado? Longe disso: Alexander-Arnold cruzou da direita, a defesa da casa ainda desviou, a bola bateu em Darwin e o antigo avançado do Benfica acabou por assistir de forma inadvertida Salah para o empate (80′) antes de Henderson, já nos descontos, acertar outra vez na trave da baliza de Rodák.