A Câmara de Abrantes anunciou esta terça–feira um conjunto de medidas para reforçar a poupança do uso da água da rede pública e a otimização dos recursos hídricos em contexto de seca, embora não existam problemas de abastecimento no concelho.
A fiabilidade dos sistemas ainda garante em condições normais o abastecimento a toda a população do concelho, mas, perante o novo contexto nacional de seca, urge a necessidade de implementar medidas extraordinárias e preventivas”, afirmou o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, na reunião do executivo.
Reforçar a redução dos tempos de rega em espaços verdes, avançar com um projeto global de captação de água de origens alternativas, promover o recurso à implementação de contadores inteligentes e à generalização de temporizadores e intensificar a fiscalização dos usos da água dos fontanários públicos são algumas das medidas preventivas anunciadas pela autarquia de Abrantes, município que registou perdas de água no sistema na ordem dos 20%, em 2021, a maioria das quais relacionada com ruturas em condutas.
Queremos instalar rapidamente, ou o mais breve possível, contadores inteligentes, por forma a que, sempre que haja ruturas, esses contadores possam logo dar uma mensagem ao sistema para termos a informação que estamos perante ruturas”, disse à agência Lusa o autarca socialista.
Este projeto-piloto foi iniciado há dois anos, com contadores instalados na localidade de Esteveira, que “permitem a leitura automática do consumo da água, mas, fundamentalmente, possibilitam a identificação de fugas existentes bem como o controlo do consumo, evitando assim o desperdício de água”.
A intenção do município é alargar agora o sistema a outras localidades com maior consumo.
Por outro lado, Manuel Jorge Valamatos destacou a importância da “telegestão nas redes em baixa, nas redes de água domiciliária”, com “programas e instrumentos capazes de sinalizar quando há perdas”, prometendo um “investimento contínuo” num conjunto de “projetos de reabilitação das redes em baixa para valorizar o sistema e para que haja um menor número de perdas possível”.
Segundo lembrou o autarca de Abrantes, no distrito de Santarém, este é um projeto de “trabalho continuado que arrancou no início do século XXI”, quando o município e os Serviços Municipalizados de Abrantes (SMA) repensaram a rede de abastecimento de água do concelho, tendo então decidido avançar com a “opção estratégica de realizar o abastecimento de água a partir da albufeira” de Castelo do Bode.
Esta política estratégica de longo prazo foi delineada através de uma visão global em defesa da eficiência hídrica e da antecipação de períodos de seca, como o que atualmente vivemos, aumentando a disponibilidade e qualidade de água em todo o concelho”, salientou.
Além disso, acrescentou, paralelamente, “todos os dias são efetuados investimentos na remodelação das redes em baixa mais antigas e com maior percentagem de perdas”.
Relativamente às medidas agora anunciadas, o município de Abrantes vai “reforçar a redução dos tempos de rega em espaços verdes para o tempo estritamente necessário à sobrevivência das plantas”, embora os de maior dimensão já sejam regados a partir de “furos de captação” e sistemas de rega automática, com programadores para aproveitar as horas de menor consumo (noite) e de menor evapotranspiração.
Para além de “continuar a redesenhar áreas verdes, agrupando as espécies segundo as suas necessidades hídricas”, o município vai também desenvolver um projeto global de captação de água de origens alternativas para usos “menos nobres” do que a água tratada, nomeadamente para rega de espaços verdes e, em alguns casos, para lavagens e abastecimento de veículos de combate a incêndios, “evitando assim o desperdício de água tratada para consumo humano”.
Outras da medidas anunciadas passam pela desativação total ou parcial de lagos e chafarizes ornamentais que não possuam ainda sistemas de recirculação, a intensificação da fiscalização dos usos da água dos fontanários públicos e generalização de temporizadores nos sistemas de torneiras e chuveiros de edifícios sob gestão municipal, bem como nos fontenários públicos.
Está igualmente prevista a proibição do enchimento de piscinas particulares através dos bombeiros com água fornecida pelos SMA e o reforço das campanhas de sensibilização junto da população para o uso racional da água e da energia.