A notícia não foi propriamente uma surpresa para um círculo próximo de Fernando Chalana mas nem por isso apagou o choque do desaparecimento daquele que foi um dos melhores jogadores nacionais de sempre. Por isso, entre amigos, companheiros de equipa e adversários que fora das quatro linhas eram tão ou mais próximos do que aqueles com quem partilhava balneário, todos jogaram na mesma equipa na altura de falar sobre Chalanix, o Pequeno Genial que marcou mais do que uma geração com um pé esquerdo de exceção que fica como imagem de marca apesar de ter como principal segredo e arma o facto de ser destro.

Morreu aos 63 anos Fernando Chalana, símbolo do Benfica e da Seleção Nacional

“O Presidente da República recorda Fernando Chalana, que tanto contribuiu para o prestígio internacional do futebol português, apresentado os seus sinceros pêsames à família e àquelas entidades desportivas, que serviu, com dedicação e entusiasmo, durante tantos anos”, destacou Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada pela Presidência esta quarta-feira após a morte do antigo jogador.

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“É um dia muito triste para toda a nação benfiquista, direi que é um dia muito triste para todos os amantes do futebol. O nosso génio, depois de sofrer tanto nestes últimos tempos, acabou por escolher o dia 10 para nos deixar e para partir em paz… É um dia muito triste para todos nós, é ver partir um dos maiores ídolos do futebol nacional, um dos maiores símbolo do clube e que terá de certeza um lugar na história do clube para todo o sempre, por tudo o que ele fez, por tudo o que foi e por todas as memórias enormes e de grande satisfação que temos dele. Todos os que vivemos o clube temos memórias do Chalana… Aquilo que fazia nos campos… Depois quem teve oportunidade de trabalhar junto dele e de conhecê-lo como pessoa, tenho inúmeras memórias. Foi meu treinador no último ano e começa por ser aí o início do problema dele, pela forma como se empenhou numa fase em que não estávamos bem. Foi o meu último treinador em campo. Isso revela também o que era a ligação ao clube. Para a minha geração, para a geração dele, foi talvez o maior génio do futebol português”, disse Rui Costa, agora presidente do Benfica, à BTV.

“Foi um enorme prazer vê-lo jogar, foi um dos maiores jogadores portugueses de sempre. Foi um enorme orgulho defrontá-lo, um dos jogadores que mais dificuldades me criou em campo. Era sempre uma alegria enorme jogar contra ele. A nossa grande amizade refletiu-se também quando foi meu colaborador no Benfica. Recordo-o com muita saudade. Que descanse em paz, eu vou lutar para que a sua alma descanse em paz. Ele bem o merece. Um abraço forte, amigo Chalana”, referiu Fernando Santos, atual selecionador nacional e ex-treinador do Benfica, em declarações à Federação Portuguesa de Futebol.

“Não houve outro génio como ele. Porque eu nasci com talento e depois fui trabalhando, o Cristiano Ronaldo, o Figo, o Rui Costa, mas a nível de genialidade como este mito não houve nenhum no futebol português, era único. Estou aqui por ele, porque queria ser parecido a ele. No barco do Montijo que fazia todos os dias tentava imitar as fintas só com a cintura. Sem tocar na bola tirava dois ou três, o talento dele era mesmo genial. A única vez que estive com ele na Seleção tremia por todos os lados pelo que sentia por ele, senti-me muito pequenino ao pé dele. São épocas diferentes mas este génio hoje, com redes sociais… A nível de génio talvez Messi mas ele tinha mais qualquer coisa… O Messi, não o vejo a fintar dois ou três com a cintura como ele fazia… Sabíamos que estava com Alzheimer mas na última aparição pública quando foi o livro dele ainda me reconheceu… Aos 63 anos devia estar a ensinar os miúdos. E o azar que nós tivemos, o arquivo da RTP com a maioria das jogadas dele ardeu”, contou o antigo jogador Paulo Futre à TVI.

“Foi um acordar muito estranho e difícil… Passei muito tempo da minha vida com o Chalana, praticamente éramos irmãos. Queria destacar aqui algumas coisas… A mulher, a Cristina, que sempre esteve com ele, e a filha, a Mariana, pela relação que teve mesmo nos últimos anos com o pai, uma relação fantástica. Merecem da minha parte um agradecimento por tudo o que fizeram pelo marido e pelo pai. Depois, teria muitas histórias para contar mas estamos a falar de alguém que era um exemplo de humildade, de genialidade, mas que inspirava como pessoa. Cheguei a estar a jogar com ele no Benfica e a bater palmas, dava-me para bater palmas porque era de uma genialidade incrível. Devemos focar o homem, é alguém que não vai ficar fora da história, que amava o Benfica, que era introvertido mas com uma forma muito peculiar de pensar e dizer as coisas. Foi dos primeiros a dar a conhecer o país lá fora”, frisou o antigo companheiro no Benfica e na Seleção Carlos Manuel, uma das pessoas mais próximas que teve no futebol.

[Ouça aqui o testemunho de Carlos Manuel na Rádio Observador]

Carlos Manuel sobre a morte de Fernando Chalana. “É um acordar muito estranho e difícil”

“Infelizmente os amigos mais próximos sabiam do seu estado há alguns anos. Não deixo de estar tristíssimo, ele era mais velho do que eu seis meses, andámos na escola juntos no Barreiro, a nossa amizade vem daí. Falar de Chalana agora é a coisa mais fácil do mundo: é dizer que é um dia muito triste para o Benfica e para o país em geral, mas principalmente dar os pêsames à família, que eu também conhecia. Falar do Chalana é quase como falar do Eusébio. Para mim, com todo o respeito por toda a gente que jogou no Benfica, a seguir ao Eusébio o Chalana foi o maior símbolo do clube. Foram jogadores como Eusébio e Chalana que fizeram do Benfica o grande colosso que hoje é em termos desportivos”, destacou em declarações à BTV Diamantino Miranda, antigo companheiro nos encarnados e na Seleção.

“Era um jogador genial. Hoje em dia diz-se a palavra craque com muita facilidade mas craque era Chalana, fintava para dentro, para fora, cruzava… Era um futebolista sensacional. Como homem, estivemos na Seleção várias vezes e era alguém que não tinha vaidade nenhuma, humilde. Era muito grande o talento e a humildade, não era por acaso que jogadores de vários clubes davam-se todos bem com ele”, frisou Augusto Inácio à Rádio Observador. “Se o deixassem ir de frente, havia poucas possibilidade de parar o Chalana… Não se sabia para onde ia fintar, não se podia deixar virar. Algumas vezes tive de dar umas porradas, um génio como ele só dava assim às vezes… À terceira se calhar ficava chateado mas no final do jogo dava-se um abraço, havia pureza naqueles tempos. Com tanta falta que sofria perante o talento que tinha, acabar o jogo e ter aquele fair play não estava ao alcance de qualquer um”, acrescentou.

[Ouça aqui o testemunho de Augusto Inácio à Rádio Observador]

“Chalana era talento e humildade.” Augusto Inácio reage à morte de Chalana

“As minhas primeiras palavras são para a família, para a Cristina, a mulher, e para Mariana. Quero partilhar com elas esta dor que estão a viver. É um dia de profunda tristeza. Sabíamos que o Chalana tinha uma doença degenerativa e que esta notícia ia chegar, mais dia menos dia. Mas é um bocado de nós que parte, pelos momentos que partilhámos enquanto jogadores, na relação que mais tarde tive como treinador do Chalana e, depois de terminar a carreira, pelos momentos que vivemos juntos. O futebol português está triste porque perde um dos seus mais legítimos representantes. A genialidade do Chalana esteve omnipresente nos estádios. Hoje é dia de celebrarmos, de nos levantarmos e de batermos palmas a um dos maiores jogadores de sempre do futebol português. Quero que ele descanse em paz, deixa uma saudade imensa em todos nós”, comentou na RTP3 Toni, ex-companheiro e treinador de equipa no Benfica.

Toni. “Chalana foi o maior génio”

“É um dia muito triste, com a partida de um génio. Triste não apenas para todos os benfiquistas como também para o mundo do futebol. Tivemos a oportunidade de ver um génio dentro de campo e também fora dele. Tive a oportunidade de trabalhar com ele enquanto treinador e pude sentir não só o amor que ele tinha pelo Benfica, como também pelo futebol. É uma perda muito grande, todos nós estamos tristes. Quero deixar uma palavra à família, à sua filha Mariana por quem ele tinha um carinho especial. É triste ver partir um ídolo, um génio, aos 63 anos. Resta-nos continuar a reviver os momentos que passámos diariamente e os mais jovens que pesquisem e vejam quem foi Fernando Chalana, um exemplo dentro e fora de campo. Vamos guardar sempre as melhores memórias dele no nosso coração”, disse o antigo jogador Simão Sabrosa, que ainda hoje está na estrutura do clube e que trabalhou com Chalana.

“Falar do Chalana é sempre fantástico porque era um ser humano fantástico, amigo do seu amigo. Mas para mim foi um génio fora da geração genial, porque essa geração foi Eusébio, Simões, José Augusto, Torres, Germano e por aí fora, ele foi fora dessa geração. Quando cheguei ao Benfica, vi que os miúdos adoravam-no, a maneira como fintava e manteve-se nas escolinhas do clube durante muitos anos. É uma perda muito grande para a família benfiquista. Foi para o clube com 15 anos e viveu sempre o clube de forma intensa. Quando entrei tive a felicidade de poder chamá-lo de novo, até andava mais feliz. O Chalana foi um génio fora de uma geração que era imbatível. Era alguém com um coração muito grande, muito grande mesmo”, descreveu o antigo líder do clube Manuel Damásio à Rádio Observador.

[Ouça aqui o testemunho de Manuel Damásio à Rádio Observador]

Chalana “foi um génio fora da geração genial”. Manuel Damásio despede-se de Fernando Chalana

“Muito triste com essa notícia logo pela manhã. Descansa em paz, senhor Chalana, ‘Chalanix’. Um dos maiores da história do Benfica e uma pessoa com um coração incrível”, escreveu Luisão, atual diretor técnico dos encarnados que foi treinado por Chalana, na sua página oficial do Instagram. “Um herói, um Génio, um ídolo de todos os Benfiquistas e de todos os amantes do futebol! Um treinador, um amigo! Um ser humano gigante dentro e fora do campo! Que privilégio ter conhecido de perto o pequeno Genial! Descansa em paz amigo Chalana! Um abraço e os meus sentimentos à família”, destacou Nuno Gomes. “Ficam eternizados grandes momentos a teu lado, companheirismo, amizade e partilha. Viverás no meu coração, no coração de todos nós. Até um dia”, referiu na despedida o ex-guarda-redes José Henriques.

“Um grande amigo que guardarei para sempre no meu coração”, escreveu na sua página do Instagram o médio Bernardo Silva, que tinha em Chalana um dos seus maiores ídolos no futebol. “O Homem morre, mas o Génio será eterno. Obrigado por tudo o que deste ao nosso Futebol, Lenda”, salientou César Peixoto, antigo jogador do Benfica e internacional que é hoje treinador do P. Ferreira. “Até sempre, Chalana. Que privilégio foi para mim admirar-te em criança e poder estar lado a lado contigo já como homem. Serás eterno, Pequeno Genial!”, escreveu também o antigo técnico dos encarnados Rui Vitória.

“É com profunda tristeza que lamento a morte do Pequeno Génio Fernando Chalana, internacional português e uma referência do Benfica. O Chalana espalhou magia e arte pelos campos de futebol, deliciou os adeptos com a sua fantasia e conquistou a admiração de todos os outros que acompanham o desporto e foi merecidamente elevado à dimensão de ídolo. Foi um dos melhores jogadores do nosso futebol, com destaque para as exibições no Campeonato da Europa de 1984. Com o seu desaparecimento, o desporto e o futebol português perdem uma referência mítica. Chalana era um ser humano de qualidades excecionais”, destacou Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol. De referir que, já a partir de hoje, todas as provas organizadas pela Federação irão cumprir um minuto de silêncio.

“A Liga Portugal lamenta profundamente o falecimento de Fernando Chalana, antigo jogador e treinador do Benfica e internacional português. Natural do Barreiro, Fernando Chalana nasceu a 10 de fevereiro de 1959 e representou o Benfica durante 13 temporadas, entre 1974-1984 e depois de 1987 a 1990. Representou a Seleção Nacional em 27 ocasiões e foi uma das figuras de Portugal no Euro-84. À família enlutada, aos adeptos em geral e aos do Benfica em particular, a Liga Portugal endereça as mais sentidas condolências”, recordou em comunicado o órgão que tutela as competições profissionais.

“Um génio como futebolista e um fenómeno como pessoa. O Fernando Chalana deixa de estar entre nós para subir a um Olimpo onde estão os verdadeiramente grandes, do jogo do futebol e da vida. Obrigado por tudo Fernando! Estarás para sempre na nossa memória. Que descanses em paz”, ressalvou Carlos Queiroz, antigo selecionador nacional.

“Fernando Chalana faleceu esta madrugada. Um dos jogadores mais geniais do futebol português deixou-nos aos 63 anos. O seu futebol inspirou jovens gerações e despertou paixões pela modalidade. Manifesto as mais profundas condolências à família, amigos e ao Benfica”, escreveu João Paulo Correia, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, na sua conta oficial do Twitter.

“Soube dessa notícia com grande tristeza e grande nostalgia. Sou dos muitos portugueses que teve a sorte de ver o Chalana jogar. Há jogadores de futebol e há génios, o Chalana era um génio que se destacava. Ele corresponde a um período do futebol português e da sociedade portuguesa que já não regressa, em que os jogadores permaneciam muitas épocas nos mesmos clubes, em que havia uma ligação entre aquilo que era a origem dos jogadores e a sua presença como jogadores. Isso devolve-me a uma relação com o futebol e a uma relação com o jogo diferente daquela que hoje julgo que todos temos. Chalana empolgou o país também. Depois de ’66, regressámos às competições, e às fases finais das competições internacionais em ’84 e aquela Seleção, que era composta por jogadores de facto notáveis e extraordinários, foi arrastada para uma derrota épica pelo Fernando Chalana. Era um jogador de uma singularidade, de uma ligeireza, e que tinha de facto traços únicos, desde logo pela forma como conduzia a bola sem tocar na bola. Guardo mesmo muita saudade de Chalana”, salientou Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura.

“Duelos que também fazem parte da nossa história. Descansa em paz, Fernando Chalana”, escreveu o FC Porto. “Uma grande figura do futebol português. Descansa em paz, Fernando Chalana”, destacou o Sporting. “Partiu aos 63 anos Fernando Chalana, futebolista genial que se destacou no Euro-84 ao serviço da equipa de todos nós e que defendeu a camisola do Belenenses na temporada 1990/91, na qual disputou 14 partidas. Neste momento difícil e em nome de toda a família belenense, os Órgãos Sociais do clube endereçam a todos os familiares e amigos de Chalana as mais sentidas condolências”, referiram os azuis. Também o Bordéus, onde jogou entre 1984 e 1987, deixou uma mensagem através das redes sociais.