O primeiro-ministro revelou esta sexta-feira que a Comissão Europeia admitiu a possibilidade de uma alternativa ao traçado do gasoduto que ligará a Europa central à Península Ibérica. António Costa diz que essa “interconexão” se tem confrontado com “as limitações ambientais invocadas por França sobre o impacto do gasoduto na travessia dos Pirinéus” e uma alternativa pode vir a passar por ligar Espanha (e Portugal) a Itália, o que implicaria uma ligação através do Mediterrâneo, para chegar ao centro da Europa.

Entre os vários temas que abordou, nas longuíssimas declarações que fez à margem de uma visita a uma creche, António Costa disse que a possibilidade já foi “colocada em cima da mesa” pela Comissão Europeia” para o caso de não ser “possível ultrapassar o o bloqueio com França” e permitindo chegar ao centro da Europa por via de Itália e não por via de França”, frisou.

O primeiro-ministro também disse que os trabalhos, do lado português, “estão muito avançados”. Em causa está a terceira ligação de gás Espanha que ficou parada depois de Madrid e Paris terem deixado cair o projeto Midcat.

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“São 160 km entre Celorico da Beira e o ponto na fronteira onda amarramos com a rede espanhola”, detalhou António Costa que disse que está é “uma ambição muito antiga” de Portugal. O traçado original proposto foi chumbado por atravessar a zona do Douro Vinhateiro, mas António Costa indicou que as dúvidas sobre o impacto ambiental no Vale do Douro foram ultrapassadas e que “há um traçado que protege os valores ambientais que é preciso proteger” naquela região.

Em conjunto com Espanha, o país “tem capacidade para substituir grande parte do gás que hoje a Europa central importa da Rússia”. E que o apelo desta quinta-feira do chanceler alemão Olaf Scholz “é muito importante porque reforça a pressão” e faz “com que as instituições europeias desbloqueiem a situação”. O chanceler alemão defendeu esta quinta-feira a necessidade de avançar com esta ligação entre a Portugal e Espanha e o resto da Europa.

O tema “não interessa apenas à Alemanha, mas também à Polónia e à Hungria” que têm enorme dependência do gás russo e que podem passar a tê-la do gás que chega de outros pontos ao interface da Península Ibérica. Enquanto nada disto existe, o primeiro-ministro reforça que Portugal já apresentou a estes mesmos países a oportunidade de utilizarem o Porto de Sines como “plataforma logística que acelere a distribuição de gás natural por via marítima para os portos do centro da Europa”.