A cidade de Prahovo, na Sérvia, acordou na passada sexta-feira com a visão dos barcos afundados durante a II Guerra Mundial no rio Danúbio. Aconteceu em 1944, quando o regime alemão decidiu que 200 embarcações se deviam dirigir para a Jugoslávia através do mar Negro. No fim, acabaram afundados naquele local.

Em 1941, a Alemanha combatia contra a então URSS. A vantagem parecia estar do lado dos alemães, enquanto estes se dirigiam à região russa, muito por causa dos carros de combate que estavam atracados na Ucrânia, explica Rafael Rodrigo Fernández — doutorado em História Contemporânea –, ao jornal espanhol ABC.

“Os russos não foram para o mar aberto porque, como acontece na Ucrânia, não tinham superioridade aérea. Embora os alemães e os romenos não tivessem navios para lidar com eles, tinham bombardeiros Stuka prontos para os abater.”

O cenário acabou sofrer uma reviravolta quando, em 1944, os soviéticos começaram uma ofensiva na Bielorrússia, que rapidamente passou para a Ucrânia, e que resultou no enfraquecimento da Alemanha. Apesar da fraca capacidade em operar pela via marítima, as tropas de Estaline avançaram até Mykolaiv e logo a seguir para Odessa, que acabou isolada e evacuada. A Ucrânia — que em 1920 fazia parte da URSS e em 1941 foi dominada pela Alemanha — acabou por voltar para o domínio do, na época, primeiro-ministro da União Soviética.

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Deu-se assim a retirada das tropas alemãs do local: “O mar Negro sempre foi uma frente muito residual a nível marinho. E, embora o Danúbio fosse importante para o tráfego de petroleiros, não era considerado fundamental”, explica Fernandéz. Foi este o local escolhido por Hitler para que se estendesse uma fila de barcos com cerca de 20 a 30 quilómetros. Todos juntos contabilizavam entre 6 mil e 8 mil passageiros.

Havia tudo, militares e civis. Soldados e oficiais com as suas famílias, muitas mulheres do Corpo Auxiliar de Mulheres (operadores, carteiros…), romenos leais a Antonescu, dois mil colaboradores soviéticos, trabalhadores da indústria, membros do consulado…”, descreve o especialista em História Contemporânea

A determinada altura, sem condições para prosseguir com a viagem, foi ordenado que a extensão de barcos fosse afundada, para que não pudessem ser alvo da ofensiva soviética: “Fizeram-no com um duplo objetivo: impedir que os soviéticos tomassem conta dos navios e impedir as travessias marítimas no Danúbio. Destruíram material e, além disso, impediram o trânsito.”

Por causa da seca extrema que assola todo o mundo, ficaram a descoberto 20 barcos no Danúbio. Muitos deles  ainda com explosivos e munições, o que representa um risco para a travessia e para os trabalhadores daquele rio — não só os sérvios, mas também os romenos. “A frota alemã deixou para trás um grande desastre ecológico que ameaça o povo de Prahovo”, refere à CNN Velimir Trajilovic, reformado que escreveu sobre os navios alemães.