Depois de ter sido descoberto que a Hino Motors, fabricante de camiões e veículos comerciais japonês, tinha manipulado e forjado as emissões dos seus modelos durante um período superior a 20 anos, a Toyota entendeu que tinha de aplicar uma punição que tornasse óbvio o seu desagrado em relação à conduta. Tanto mais que o maior fabricante de veículos mundial detém a maioria do capital da Hino e corria o risco de ver a sua imagem beliscada, caso transparecesse para o exterior que não havia castigo à altura de mais de duas décadas de fraude.

Se o grupo Toyota Motor Corporation inclui como marcas próprias a Toyota e a Lexus, dele fazem igualmente parte subsidiárias como a Daihatsu e a Hino. Para projectar soluções relacionadas com a concepção e desenvolvimento de camiões e veículos comerciais menos poluentes – eléctricos alimentados por bateria e por células de combustível a hidrogénio –, a Toyota criou a Commercial Japan Partnership Technologies Corporation (CJPT), onde militavam igualmente a Hino e a Isuzu. Ora, face à reputação da Hino, era extremamente delicado que a CJPT tivesse nas suas fileiras um parceiro com problemas de credibilidade, o que levou ao seu afastamento desta organização.

Este construtor falsificou emissões durante 20 anos

A decisão de banir a Hino Motors foi anunciada pelo presidente da Toyota Motor Corporation, Akio Toyoda, que se manifestou “extremamente desapontado com o comportamento do construtor em relação às certificações das medições de emissões, o que minou a confiança dos clientes e investidores”. De recordar que a Hino falsificou os dados recolhidos desde 2003.

Para Toyoda, “a participação da Hino na CJPT causaria desconforto aos accionistas”, uma vez que a organização “continua apostada em contribuir para atingir uma sociedade neutra em carbono”. Simultaneamente, cerca de 60% dos veículos produzidos pela Hino foram impedidos de ser expedidos, uma vez que montam o motor 4.0 turbodiesel que está envolvido na fraude. Não foram ainda anunciadas penalizações pecuniárias para o prevaricador, ao contrário do que aconteceu nos EUA e na Europa para os construtores envolvidos no Dieselgate.

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