A inflação, em agosto, atingiu 9%, de acordo com a estimativa rápida do INE, divulgada neste último dia do mês, um abrandamento ligeiro face aos 9,1% de julho. Desde setembro de 2021 que a inflação homóloga mensal vinha a subir.

O Eurostat divulgou também a inflação na zona euro que ficou nos 9,1%, acima dos 8,9% de julho.

Os produtos energéticos e os alimentares não transformados continuam a subir a dois dígitos. Face ao mesmo mês do ano passado, subiram, respetivamente, 24% e 15,4%. Com isso, sem estas duas componentes a inflação ficou nos 6,53%, acima dos 6,24% de julho, o que significa que a subida nomeadamente dos produtos energéticos está já a ter consequências noutros setores.

Ainda assim os produtos energéticos tinham crescido 31,18% em julho. Mas os produtos alimentares não transformados tinham subido menos que em agosto — em julho aumentaram 13,2% e em agosto essa variação foi de 15,4%.

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Em julho, eletricidade tinha sido o fator a pesar mais na taxa de inflação de 9,1%, com uma variação mensal de 10,25% face a junho, não obstante julho ter sido o mês em que entrou em vigor a descida das tarifas reguladas.

Inflação. Descida das tarifas reguladas da luz em julho não conseguiu travar aumento da eletricidade para as famílias

A inflação média dos últimos 12 meses, excluindo a componente da habitação, fixou-se nos 5,43%. É esta a taxa que conta para a atualização das rendas em 2023. O dado final só será apurado quando a 12 de setembro o INE divulgar a taxa final. Ainda assim não é certo que face a este valor não seja aprovada uma norma travão. Em 2022, as rendas subiram 0,43%.

Proprietários e inquilinos são duas faces da moeda. Nenhum se satisfaz com uma subida das rendas de 5,43%

Fonte: INE

A variação média dos últimos doze meses superou os 5%, fixando-se em 5,3%, face aos 4,7% do mês anterior. É esta a base que normalmente é tida em conta na atualização salarial. E é com este indicador que o Governo parte para a negociação com os sindicatos da função pública. Ainda assim segundo avançou o Correio da Manhã, o Executivo não terá a intenção de subir os salários mais do que um limite de 3%.

Segundo os dados divulgados pelo INE, o índice harmonizado de preços (IHPC) estabilizou, em agosto, nos 9,4%. É este que serve para comparação internacional.

Segundo o Eurostat, que estima a taxa de inflação da zona euro nos 9,1% (comparável com os 9,4% de Portugal), a energia está a pesar — subiu 38,3%, ainda assim comparando com os 39,6% de julho — seguido da alimentação, álcool e tabaco (10,6% face a 9,8% de julho), produtos industriais não energéticos (5% face aos 4,5% de julho) e serviços (3,8% face aos 3,7% em julho). Em 19 países analisados pelo Eurostat, Portugal tem a oitava inflação mais baixa da zona euro.

António Costa já anunciou que na próxima segunda-feira haverá Conselho de Ministros extraordinário para apresentar o pacote anti-inflação.