Quando a Rainha Isabel II ordenou a devolução da Pedra da Coroação, o mais importante artefacto da Escócia, sete séculos certos depois de ter sido confiscada pelo Rei Eduardo I — não por acaso também conhecido como “Eduardo Pernas Longas” ou “Martelo dos Escoceses” — fez uma ressalva: a pedra só deveria voltar a sair daquele país para viajar para Londres e apenas para ser utilizada em coroações futuras. Logo a seguir, aquele que ainda hoje é considerado o maior tesouro da Escócia, devia ser imediatamente devolvido ao país, onde ao longo de séculos, desde a Idade Média, serviu para coroar todos os seus reis.
Agora, confirmou ao Telegraph um porta-voz do Historic Environment Scotland (HES), que administra vários locais históricos no país, incluindo o Castelo de Edimburgo, onde está em exposição, na Sala da Coroa, a Pedra do Destino vai voltar a Londres, para a cerimónia de coroação do Rei Carlos III: “A equipa do HES vai transferir a Pedra do Destino para a Abadia de Westminster antes da coroação e depois vai devolvê-la à Escócia”.
Antes de Isabel II, que se sentou no trono, com a pedra incrustada sob o assento, e foi feita rainha a 2 de junho de 1953, outros 29 reis de Inglaterra foram coroados sobre a pedra escocesa, considerada sagrada e um símbolo da monarquia no país — que a partir de 1296, ano em que foi confiscada pelo rei inglês, se transformou também num símbolo do nacionalismo escocês e da luta contra a usurpação dos ingleses.
Ao longo de 700 anos, a Pedra da Coroação, também conhecida como Pedra do Destino ou Pedra de Scone, cuja origem permanece desconhecida, manteve-se na Abadia de Westminster, em Londres.
Isto se não contarmos com o breve período em 1950, durante o reinado do pai de Isabel II, em que um grupo de quatro estudantes escoceses conseguiu a proeza, em pleno dia de Natal, de roubar a pedra, equipada com duas argolas de metal, para ser mais fácil de erguer — mas que, ainda assim, pesa cerca de 152 quilos.
Durante três meses, o artefacto esteve desaparecido, até que finalmente foi encontrado no altar-mor da Abadia de Arbroath, cerca de 130 quilómetros a norte de Edimburgo, e devolvido a Inglaterra — mais do que a tempo da coroação de Isabel II.
Não há ainda data para a cerimónia de coroação de Carlos III, que pode até nem acontecer durante 2022 — no caso de Isabel II, por exemplo, a coroação só aconteceu mais de um ano depois da morte do Rei Jorge VI, a 6 de fevereiro de 1952.