Uma derrota a abrir na Supertaça, só vitórias com dois empates nos oito encontros seguintes, uma média de três golos marcados por jogo. O Manchester City também teve as suas dores de crescimento ao longo da adaptação a uma versão 2.0 de Pep Guardiola que assumiu a condição de um 9 como Erling Haaland (e que já é tudo menos um corpo estranho) mas o tempo foi dando uma harmonia cada vez maior. Diferenças à parte, e são muitas, foi isso que aconteceu também com o Wolverhampton de Bruno Lage, que mudou o sistema tático que vinha desde o Championship com Nuno Espírito Santo sem perder o bom rendimento defensivo mas ainda à procura da melhor solução ofensiva (três golos em seis jogos). Depois dos duelos equilibrados da última época, ambos os conjuntos tinham quase um teste ao atual momento.

“O Wolverhampton é um equipa completamente diferente das últimas épocas. Costumavam jogar com uma linha de cinco jogadores atrás mas agora sem o Coady jogam com quatro. Estou muito impressionado com a forma como jogam, são imprevisíveis. Têm muitas coisas boas. Os defesas centrais, os ataques por fora, por dentro, muito talento com Rúben Neves, Gonçalo Guedes, João Moutinho… todos eles. São muito competitivos. Foi um dos adversários mais difíceis na época passada e amanhã [sábado] não será diferente. Temos de estar mentalmente preparados. Eles têm muita qualidade e respeito-os pelo que nos fizeram no passado, fizeram-nos sofrer”, comentara na antevisão Pep Guardiola, técnico dos citizens.

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“Parar Haaland? O Pep Guardiola foi um dos primeiros treinadores a jogar com um falso 9 e agora tem um avançado, que podemos ver na área, que podemos ver a marcar, que podemos ver entre as linhas dos nossos defesas, ao primeiro poste, no segundo… Sabemos que criam oportunidades, os espaços que querem, que tipo de abordagem gostam até à área. Se Diego Costa vai jogar? Vamos ver. Ainda temos mais um dia, vamos ver o que irá acontecer. Sabemos que ele vai precisar de tempo para melhorar a condição física para competir. Quando pensei nele há 15 meses não tivemos a oportunidade de garantir a sua contratação mas agora foi possível. Precisamos de uma referência na área, precisamos de alguém para competir com o Jiménez. O Diego tem um perfil diferente”, referira Bruno Lage, treinador do Wolves.

Haaland voltou a mostrar que é muito complicado parar agora aquele que é um dos melhores avançados da atualidade – e em todos os jogos apresenta algo novo para chegar ao patamar de jogador completo. No entanto, foi sobretudo na parte inicial que o Wolverhampton perdeu um jogo que teve um total de dez portugueses de início: José Sá, Rúben Neves, Matheus Nunes, João Moutinho, Gonçalo Guedes, Pedro Neto e Podence na equipa da casa, Rúben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva nos citizens.

Logo no início da partida, ainda com as equipas no túnel de acesso ao relvado, José Sá tocou nas costas de Kevin de Bruyne e pediu-lhe para “ir com calma”. O belga riu-se com a abordagem do guarda-redes mas fez aquela cara de quem diz “duvido muito que aconteça”. Aliás, a resistência do Wolves durou apenas 56 segundos, com Jack Grealish a marcar na pequena área após mais uma jogada de envolvimento com o calcanhar de Phil Foden a permitir a assistência de De Bruyne. A equipa da casa ainda tentou reagir, teve mais bola do que os visitantes no quarto de hora inicial, mas acabou por sucumbir na primeira investida de Haaland, a receber de Bernardo Silva, a avançar e a rematar de pé direito de fora da área para o 2-0 (16′).

O cenário estava complicado para a formação de Bruno Lage e pior ficou quando Nick Collins teve uma entrada à Cantona com o pé alto na barriga de Jack Grealish que valeu vermelho direto ao central e obrigou Rúben Neves a recuar para central (33′). À partida, o jogo estava resolvido para os campeões ingleses mas um dos pontos ainda em construção neste Manchester City, que passa pela menor capacidade de controlar jogos perante a vertigem ofensiva com bola, fez com que o Wolverhampton fosse arriscando cada vez mais, criando algumas chegadas com potencial perigo junto da baliza de Ederson. Só mesmo o terceiro golo, em mais uma jogada fantástica que passou por Haaland e que teve assistência de Kevin de Bruyne para o remate na área de Phil Foden, acabou em definitivo com as contas no Molineux (70′).