Um chega para lá evidente. Depois de António Costa Silva, ministro da Economia, ter defendido publicamente uma descida transversal do IRC, dizendo que tal decisão seria “sinal muito grande” para o tecido empresarial, Fernando Medina veio a público pedir contenção antes que as negociações em sede de concertação social estejam concluídas. “Não me parece adequado estar antecipar esta ou aquela posição”, avisou o ministro das Finanças.

A ideia de Costa Silva já tinha merecido um reparo de António Mendonça Mendes, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, na terça-feira. Aliás, o ministro acabou por ser publicamente contrariado quer pelo antecessor, Pedro Siza Vieira, como pelo ex-ministro das Finanças, João Leão — ambos desaconselharam uma descida transversal do imposto sobre as empresas.

Esta quarta-feira, e apesar de ter evitado entrar diretamente em confronto com Costa Silva, o recado de Medina foi evidente: este não é o momento para antecipar o que quer que seja. “Não seria cordial, nem próprio, trazemos para fora da negociação aquilo que está a ser tratado na mesa das negociações”, insistiu Medina.

Mais: o ministro das Finanças chegou a mesmo a lembrar que no programa de Governo não consta qualquer medida que se aproxime de uma descida transversal do IRC. Pelo contrário, os socialistas defendem há muito que a redução desse imposto deve estar orientado para “favorecer um apoio forte ao investimento, à capitalização das empresas, à inovação e à tecnologia” — em contraciclo com o que Costa Silva defendeu.

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A posição do ministro da Economia, no entanto, não deixa espaço para ambiguidades. “A minha esperança é que essa redução [de IRC] não seja só seletiva, mas seja global. Era um sinal muito grande que se poderia dar a todo o nosso tecido produtivo“, defende Costa Silva, numa entrevista à TSF/Jornal de Notícias, publicada no domingo.

[Ouça aqui a entrevista a João Leão]

Descer IRC? “Foco” deve ser outro, diz João Leão