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Esta quinta-feira viveu-se primeiro dia desde que, na Rússia, foi decretada a “mobilização militar parcial”, a primeira desde a Segunda Guerra Mundial. Apenas 24 horas depois do anúncio do Presidente Putin, começaram a surgir nas redes sociais vídeos que mostram os cidadãos russos a receberem convocatórias e outros, entre abraços e lágrimas, já preparados para partir.

Quem vai vai ser mobilizado para combater na Ucrânia e quem escapa à guerra? O que já se sabe

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Segundo o relato do The Guardian, houve convocatórias entregues a homens elegíveis à meia-noite, professores pressionados a entregar notas para o recrutamento e homens com apenas uma hora para reunirem pertences e comparecerem em centros de recrutamento. Em Moscovo, até à porta do metro as autoridades russas entregam convocatórias, segundo a agência bielorrussa NEXTA.

Em Zakamensky (Buryatia), no leste da Sibéria, as convocatórias começaram a ser entregues durante a noite: 20 numa comunidade com cerca de 450 pessoas. Os homens juntaram-se antes da partida, uns beberam vodka, outros abraçaram-se, dizendo entre si para se manterem seguros, descreveu ao jornal britânico uma residente local. Na manhã seguinte, deixaram para trás as suas famílias e casas e partiram em autocarros.

Na república de Yakutia (também conhecida como Sakha) no extremo oriente da Rússia, na cidade de Blagoveshchensk, na região Amur, ou na ilha russa de Sakhalin, no oceano pacífico, multiplicaram-se as imagens da mobilização ao 211.º dia de guerra.

Mary Ilyushina, jornalista do Washington Post que está a cobrir a guerra na Ucrânia, partilhou um vídeo que mostra vários homens a despedirem-se da família. Vários reservistas disseram à repórter que iam partir na própria quinta-feira para treinos militares, provavelmente para seguirem para combater na Ucrânia daqui a duas ou três semanas.

Um outro vídeo, divulgado por Will Vernon, jornalista da BBC, mostra um grupo de homens a entrar num autocarro e é possível ouvir uma criança dizer: “Adeus, pai, volta por favor!”.

É apenas a primeira fase de uma mobilização na qual, segundo o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, serão chamados a combater 300 mil reservistas. No entanto, há quem considere que o número possa ser bem superior, com o jornal independente Novaya Gazeta Europe a indicar que a Rússia pode, afinal, mobilizar até um milhão de russos para a guerra na Ucrânia.

O jornal cita um funcionário do governo de Putin, segundo o qual um parágrafo marcado como classificado do decreto de mobilização permite ao  Ministério da Defesa chamar até um milhão de pessoas para combater. “O número foi corrigido várias vezes e, no final, foi fixado em um milhão”, disse a mesma fonte. O porta-voz do Kremlin já veio negar a alegação, que descreveu como uma “mentira”.

Há também a outra face da moeda, daqueles que partem para evitar serem chamados. Após o anúncio, as viagens para fora da Rússia, e só com bilhete de ida, começaram a esgotar, nomeadamente para a Geórgia, Turquia ou Arménia, que permitem a cidadãos russos entrar sem um visto.

Numa questão de horas, subiu a pique uma tendência de pesquisas no Google nomeadamente para comprar voos, procurar saber “como partir um braço” ou “como sair da Rússia”. Já de tantas tentativas para tentar aceder à página da ferrovia estatal russa, o site acabou por bloquear.

“Como sair da Rússia” ou “como partir um braço sem dor”. Russos esgotam voos de saída e sobrecarregam sites de comboios

O Kremlin, porém, desvalorizou as notícias sobre um saída de cidadãos em massa.“Os relatos de que há um certo burburinho nos aeroportos são muito exagerados”, disse Peskov durante uma conferência de imprensa esta quinta-feira. As autoridades dizem até que cerca de 10.000 pessoas já se voluntariaram para lutar na Ucrânia.