O ex-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia Luis Filipe Menezes afirmou na segunda-feira que não pretende recandidatar-se ao cargo, mas avisou que se o “chatearem muito” é capaz de se envolver.
Menezes, que discursava, na segunda-feira, na primeira sessão do projeto Plataforma Gaia com Norte, salientou que “se está abrir um novo ciclo” na vida política neste concelho do distrito do Porto, mas que só um “imbecil e desligado” do fenómeno político iria apresentar uma candidatura autárquica a três anos das eleições.
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Perante uma plateia com cerca de 200 pessoas, o também ex-presidente do PSD explicou que nunca mais falou em público depois de perder as eleições para a Câmara Municipal do Porto em 2013 por nunca ter sido convidado para o fazer.
Eu disse há oito anos que nunca mais tencionava exercer um cargo político executivo em Portugal. Não mudei de opinião nem tenciono mudar de opinião (…)”, afirmou, mas deixou um aviso.
“A única coisa que me poderia fazer mudar de opinião, e por isso deixo um conselho aos atuais detentores do poder em Gaia, não me chateiem muito, deixem-me no meu cantinho (…) deixem-me em paz porque se me chatearem muito, se calhar, vou-me envolver, pegar numa criancinha ao colo e levá-lo ao poder“, reforçou.
O ex-autarca começou a intervenção por explicar porque é que esteve em silêncio tantos anos: “Eu estou aqui esta segunda-feira porque foi a primeira vez que fui convidado para falar em público em nove anos. Até agora nunca tive convites”, justificou.
A falta de convites, disse Menezes, deveu-se “aquilo que é a ingratidão das sociedades modernas em relação a quem esteve no poder e deixou de o estar” e a mais duas razões.
Depois houve uma campanha contra mim de cerca de dois anos, correu mal para quem pensava que me conseguia aniquilar ou calar (…) e, finalmente, uma outra razão, o medo. O medo voltou à sociedade portuguesa”, considerou.
À pergunta, que o próprio Luís Filipe Menezes admitiu que pairava com o anúncio da sua presença na iniciativa, se iria apresentar a recandidatura à câmara de Gaia, para substituir Eduardo Vítor (PS), que o substituiu em 2013, o ex-deputado respondeu que não.
Só alguém completamente imbecil e desligado do fenómeno político é que apresenta uma candidatura com três anos de antecedência, só um tonto”, afirmou, reconhecendo que se está a abrir um “novo ciclo” na vida política de Vila Nova de Gaia.
“Acaba um ciclo político em Gaia e é sempre uma oportunidade do jogo começar do principio e se houver bom senso deste lado da barricada há condições para liderar (…) Gaia tem todas as condições para em 2025 voltar a assumir de uma forma mais descarada que pode ser a locomotiva da Área Metropolitana do Porto”, salientou.
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Ao longo de mais de duas horas de discurso, Luís Filipe Menezes fez contas ao passado, dando conta da fatura da sua passagem pela liderança da autarquia, que garantiu ter deixado numa situação “financeiramente sustentada e economicamente de luxo”.
Enquanto revia algumas das opções políticas, financeiras e estratégicas que fez ao longo dos 16 anos que presidiu à autarquia gaiense, o também ex-secretário de Estado não escondeu a animosidade que sente pelo atual presidente da autarquia, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues.
Dez anos depois continua com medo do fantasma do Menezes, pois que comece a preparar-se para ir dar aulas porque a coisa não está boa para o seu partido em Portugal“, aconselhou, naquele que foi o momento em que mostrou mais simpatia pelo autarca socialista, a quem chegou mesmo a referir-se como “lambe botas desgraçado”.
Segundo Luís Filipe Menezes, o atual líder da autarquia de Gaia criou “uma narrativa” para justificar o afastamento do antecessor: “A narrativa que foi feita em Gaia foi a narrativa de um homem que não acredita em si próprio, que não tinha um projeto, que desconfia da sua própria sombra”, disse.
Entre conselhos ao atual autarca e a quem lhe quiser seguir na presidência da Câmara Municipal de Gaia, Menezes reafirmou estar disponível “para ajudar” o PSD.
“Em tempos, tivemos como slogan finalmente um presidente. Agora que seja novamente um presidente“, disse.