Portugal é um país atrativo para se investir no desenvolvimento de infraestruturas e a China está atenta a projetos e eventuais contratos na área dos transportes e do ambiente, segundo um relatório esta quarta-feira divulgado em Macau.

Em Portugal, “o transporte e o ambiente (por exemplo, saneamento) estão a ganhar tração, com contratos que valem mais de 600 milhões de dólares [628 milhões de euros], assinados em 2021”, pode ler-se no relatório sobre o ranking de 2022 do Índice de Desenvolvimento de Infraestruturas “Uma Faixa, Uma Rota”, a iniciativa lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, que envolve 71 países no plano estratégico internacional de Pequim de desenvolver ligações marítimas, rodoviárias e ferroviárias, mas também investimento em recursos energéticos.

Portugal é, precisamente, entre os países lusófonos, na perspetiva do relatório chinês, aquele que aparece com a melhor pontuação no sub-índice de desenvolvimento associado ao ambiente, que agrega fatores políticos, económicos, soberania, fatores de impacto no mercado, bem como os cenários empresariais e industriais.

No documento — em que Portugal também lidera entre os países lusófonos no sub-índice relacionado com os custos, operacionais e de financiamento –, salienta-se o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) no país e conclui-se que “as condições económicas são sólidas para os setores associados à área de infraestruturas”, numa referência que se estende igualmente a Cabo Verde e Moçambique.

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No mesmo documento ressalva-se que, tanto no Brasil como em Portugal, as instalações de produção de energia estão em melhor estado, mas sublinha-se a tendência de investimento nas energias renováveis neste período de transição energética.

No índice global avalia-se fatores como o ambiente, a procura, a recetividade e custos para o desenvolvimento de infraestruturas nos países incluídos na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.

Quanto mais alta é a pontuação no índice, melhor é a perspetiva da indústria de infraestruturas de um país, e maior é o grau de atratividade para as empresas se empenharem no investimento, construção e operações nesta área naqueles territórios.

O documento foi apresentado no Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas.

Na inauguração do evento, o adjunto do Ministro do Comércio da China, Li Fei, informou que o país investiu este ano no estrangeiro 178,8 mil milhões de dólares (187,01 mil milhões de euros).

Portugal, Angola e Brasil são países lusófonos mais cotados no índice chinês de infraestruturas

Brasil, Angola e Portugal são, por esta ordem, os países lusófonos mais cotados no índice chinês para a construção de infraestruturas a nível mundial, de acordo com um relatório esta quarta-feira divulgado em Macau.

No ranking liderado pela Indonésia, Filipinas e Malásia, o Brasil (12.º) é o país lusófono melhor colocado. Segue-se, entre os países de língua portuguesa, Angola (22.º), Portugal (28.º), Cabo Verde (53.º), Moçambique (54.º), Timor-Leste (63.º), São Tomé e Príncipe (69.º) e Guiné-Bissau (70.º).

Portugal é entre os países lusófonos, na perspetiva do relatório chinês, aquele que aparece com a melhor pontuação no sub-índice de desenvolvimento associado ao ambiente, que agrega fatores políticos, económicos, soberania, fatores de impacto no mercado, bem como os cenários empresariais e industriais.

Portugal está também melhor colocado entre países de língua portuguesa no sub-índice relacionado com os custos, operacionais e de financiamento.

Angola é o que mais se destaca no sub-índice da procura, que junta fatores como procura e mercado potencial.

Já o Brasil lidera entre os lusófonos no sub-índice dedicado à recetividade local e entusiasmo de curto prazo no investimento de infraestruturas, calculado, por exemplo, com base no valor dos novos contratos.

Em termos globais, no relatório, assinala-se que há a registar uma “recuperação ligeira” no índice, “graças à maior procura e entusiasmo/recetividade pela construção de infraestruturas nos 71 países

Ainda assim, “as oscilações nas relações de grande poder, os reveses na recuperação económica global e a lenta saída da pandemia de covid-19 desde o início do ano lançaram uma nuvem sobre o futuro das infraestruturas”, apontou.

Uma estratégia para as partes interessadas em infraestruturas internacionais é agarrar as oportunidades trazidas pela nova ronda de revolução tecnológica e transição energética, adaptar-se ao ‘novo normal’ da prevenção e controlo de epidemias, e procurar um progresso de alto nível, sustentável e centrado nas pessoas”, conclui o relatório.

No relatório assinala-se igualmente que a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” está a enfrentar “desafios como a escassez de fundos, o aumento dos custos, os riscos de segurança e a degradação ambiental” e que “a curto prazo, os efeitos colaterais do conflito Rússia-Ucrânia e os recorrentes surtos de Covid-19 irão perturbar a cooperação internacional na área das infraestruturas e retardar a recuperação e o seu desenvolvimento”.

Os autores do documento alertaram para o facto de que a “subida dos preços das principais mercadorias, bens intermédios e transporte marítimo internacional irá aumentar ainda mais os custos de construção de infraestruturas” e que “o ambiente global para o financiamento de infraestruturas poderá continuar a deteriorar-se, uma vez que as políticas económicas de alguns países desenvolvidos tornarão a vida mais difícil para o mundo em desenvolvimento”.

E, “a longo prazo, os jogos das grandes potências, as alterações climáticas e o desequilíbrio económico global irão acrescentar incerteza ao desenvolvimento de infraestruturas regionais e internacionais”.