O antigo presidente da Comissão Europeia (CE) Durão Barroso considerou esta terça-feira que foi graças ao Governo PSD/CDS-PP, liderado por Passos Coelho, que Portugal conseguiu “ultrapassar com grande dignidade” a última crise económico-financeira.

Durão Barroso, que foi primeiro-ministro português entre 2002 e 2004, intervinha na apresentação do livro “Diplomacia em Tempo de Troika”, da autoria do antigo embaixador de Portugal na Alemanha Luís de Almeida Sampaio.

A coisa mais importante que retiro do livro é que Portugal, graças ao Governo liderado então pelo PSD, conseguiu ultrapassar esta situação [a crise económico-financeira entre 2010 e 2014] com grande dignidade”, sustentou Durão Barroso.

Presidente do PSD entre 1999 e 2004, Durão Barroso acrescentou que foi devido ao executivo liderado pelo seu sucessor Pedro Passos Coelho, que percebeu “que tinha de fazer alguma coisa, que o país “nunca se pôs numa posição de humilhação perante os seus credores”.

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“Quando Portugal, no Governo anterior, pediu a intervenção tinha nos seus cofres 200 milhões de euros. O país estava à beira da bancarrota. Quem causou esta situação e quem a conseguiu resolver?“, acrescentou, numa crítica velada ao Governo PS de José Sócrates.

Na apresentação do livro estiveram antigos ministros do Governo de Passos Coelho, como Maria Luís Albuquerque (Finanças), Paulo Macedo (Saúde) e Nuno Crato (Educação). Estiveram ainda vários dirigentes do PSD e antigos dirigentes centristas, como Ribeiro e Castro e Ana Rita Bessa (hoje diretora-geral da editora LeYa).

Numa intervenção um tanto longa o presidente da CE entre 2004 e 2014 elogiou a obra produzida pelo antigo embaixador por ser um testemunho sobre “um dos momentos mais difíceis pelos quais o país passou” e uma “visão portuguesa” sobre o investimento da Alemanha no projeto europeu, já que “nada acontece na União Europeia sem a Alemanha estar de acordo”.

O prefácio do livro é de Pedro Passos Coelho, que não pôde estar presente por motivos pessoais, mas Durão Barroso enalteceu o contributo do antigo primeiro-ministro que “muito valoriza” o livro, mas que “ainda não é o livro que ele irá escrever” e que está anunciado.

Na obra, o embaixador de Portugal em Berlim entre 2012 e 2015 classifica como “exigente”, mas “vital”, a missão de representar na Alemanha um país que tinha “batido no fundo”.

“Ser embaixador de Portugal na Alemanha em tempo de troika não era certamente a missão mais invejada entre os diplomatas”, confessa Luís de Almeida Sampaio no livro.

“Portugal tinha, mais uma vez, batido no fundo do ponto de vista económico e financeiro e os alemães eram os credores do pacote de resgate que fomos recebendo acoplado a um espartano programa de ajustamento”, recorda, adiantando que por essa razão a missão que iniciou em Berlim no final de março de 2012 e que durou até 2015 era “vital”.

O embaixador sublinha que quer contribuir para a história de um dos períodos “mais difíceis e exigentes” da diplomacia portuguesa, mas logo no primeiro capítulo realça os objetivos que a missão se propunha cumprir.