Marcelo Rebelo de Sousa emitiu esta terça-feira uma nota oficial onde confirma que informou D. José Ornelas de que tinha enviado para o Ministério Público uma denúncia que corria sobre o atual bispo Leiria-Fátima sobre um alegado encobrimento de casos de abuso sexuais na Igreja.
A questão ganhou força depois de, em entrevista à TVI, Ornelas ter garantido que o Presidente da República lhe telefonara a explicar que tinha enviado a denúncia para o Ministério Público. “[Marcelo] ligou-me. Disse-me que tinha mandado [a denúncia] para a Procuradoria-geral da República”, explicou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
À pergunta da jornalista Sandra Felgueiras sobre o que respondera a Marcelo, Ornelas revelou estranheza. “Acho estranho que eu não saiba. Venho a saber agora que existe uma investigação”, respondeu o bispo.
Ora, na nota agora enviada às redações e publicada no site da Presidência, Marcelo não rebate o facto de ter conversado com Ornelas sobre o caso. Mas diz outra coisa: o Chefe de Estado explica que foi a comunicação social — e não ele — quem informou o bispo de Leiria da existência da denúncia.
Escreve agora Marcelo: “A Presidência da República enviou à Procuradoria-Geral da República, no dia 6 de setembro, uma denúncia envolvendo, nomeadamente, D. José Ornelas. Depois dessa data, a Presidência da República foi contactada por vários Órgãos de Comunicação Social, para confirmar tal envio, o que naturalmente confirmou. A 24 de setembro, o Presidente da República confirmou a D. José Ornelas esse envio, já depois de este ter sido contactado pela Comunicação Social sobre este assunto.”
Ou seja, neste ponto concreto — quem avisou quem — as versões de Marcelo e de Ornelas são contraditórias. O Ministério Público confirmou estar a investigar o bispo D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, por alegado encobrimento de abusos sexuais, revelando que já houve uma investigação com possíveis ligações a este caso em 2011.