O padre da paróquia de Massamá, que também teve funções de juiz no tribunal patriarcal, está suspenso de funções depois de ter sido alvo de uma queixa por abuso sexual sobre menores, informou esta sexta-feira o Patriarcado de Lisboa.

Segundo o comunicado, a queixa contra o padre Luís foi feita primeiro à Comissão Diocesana de Proteção de Menores do Patriarcado de Lisboa, criada ainda antes da Comissão Independente que agora investiga os abusos sexuais no seio da Igreja Católica. Foi imediatamente feita uma “investigação prévia”, com a intervenção do Dicastério para a Doutrina da Fé, em Roma, e foi depois decidido comunicar o caso ao Ministério Público para investigar.

“O sacerdote em causa suspendeu o exercício do ministério pastoral na comunidade que lhe estava confiada, aguardando o apuramento da verdade”, lê-se no comunicado.

O caso será agora investigado pelo Ministério Público e paralelamente pela Igreja através de um processo canónico.

“O Patriarcado de Lisboa renova o seu compromisso em tudo fazer para erradicar esta dramática realidade dos abusos de menores e está disponível para acompanhar as vítimas que assim o desejarem”, lembra o patriarcado de Lisboa, liderado por D. Manuel Clemente.

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Ao que o Observador apurou, esta é uma das três queixas que já tinha chegado a Manuel Clemente antes de julho, altura em que escreveu uma carta aberta depois de o Observador ter dado conta de que ocultou um caso de abuso sexual praticado por um padre e que não o afastou. Nessa carta Manuel Clemente referia ter em mãos três casos, um que tinha enviado para Vila Real, outro em relação a um padre que trocou mensagens com alunos de um colégio católico e um terceiro que estava a ser analisado em Roma. O patriarca referia-se assim a este caso agora divulgado

Em causa estará uma queixa de um rapaz que seria acólito quando era ainda menor e que agora é já maior de idade. A vítima terá denunciado comportamentos do padre em relação a outros rapazes da sua geração.

Patriarca de Lisboa escreve carta aberta sobre omissão de denúncia. Diz que o assunto já estava tratado desde 1999

O Observador confirmou junto da Procuradoria Geral da República que já foi aberto um inquérito, que está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Sintra da comarca de Lisboa Oeste.

Padre foi de férias e já não regressou a Massamá

O padre Luís chegou a estudar Direito Canónico em Salamanca e é frequente passar alguns períodos ausente em viagens. Contactado pelo Observador, o padre Constâncio Gusmão — antigo capelão militar e já na reforma — que costuma substituir o padre Luís na sua ausência disse ter sido informado do caso pelo que viu na comunicação social. “Parece-me que todos ficaram surpreendidos”, disse por telefone.

O padre Luís, de 64 anos ausentou-se ainda em agosto para o seu normal período de férias e não chegou a regressar ao serviço pastoral. Estará em casa de familiares e, segundo o Patriarcado, ele próprio pediu para suspender as suas funções de sacerdote até o caso estar resolvido.